Por Ananda Porto
O IBOPE divulgou no último mês, números que mostram que quase metade dos brasileiros estão pessimistas com o futuro do país. O estudo aponta que 48% da pessoas entrevistadas não acreditam em um futuro promissor para o Brasil. Os otimistas somam 21%, enquanto os que não estão nem pessimistas, nem otimistas formam 28%. Uma pequena porção de 2% não soube ou preferiu não responder.
Para o professor do departamento ciência política da Unicamp Wagner Romão, a população se apega ao atual cenário sociopolítico do país e isso faz com que não seja possível enxergar futuro prospero para o Brasil, ” O sentimento pessimista se deve a questões concretas: estagnação econômica, possibilidade de aumento do desemprego, expectativa de aumento da inflação, aumento em preços de tarifas públicas e eventuais perdas de direitos, políticas públicas e capacidade de consumo que os cidadãos brasileiros experimentaram na última década”, diz.
O estudo também aponta quais são os principais problemas da nação, indicados pelos próprios brasileiros. Os entrevistados enxergam a saúde (61%) como a área com mais deficiências no país. Seguida por segurança/violência (37%), drogas (35%), educação (34%), combate à corrupção (27%).
A cozinheira Marli Maciel, que esperou junto a filhae 12 anos, na fila do posto médico do bairro Padre Anchieta em Campinas, vivencia essa realidade e concorda com os números, já que para ela, a principal deficiência do país é a saúde. “Os maiores problemas são a saúde e educação. Você vai nos hospitais, muitas vezes, você chega e não tem médicos”, desabafa.
Também na fila para atendimento médico, no mesmo hospital, dona Maria José Magno enxerga os mesmo problemas, para ela a situação atual é crítica, ” um caos total. Na saúde, na educação, na segurança em todos os sentidos. Eu estou pessimista, eu não vejo pra onde ter melhora nesse pais, cada dia a gente tem uma surpresa maior que a outra, e as surpresas nunca são boas”, exclama.

Para Romão, as manobras políticas do governo contribuem para o sentimento de insatisfação da população, ” Este mesmo sentimento pessimista pode contribuir para ampliar essa situação, com empresários que tendem a restringir seus investimentos quando o governo também o faz. Penso que não há dúvidas das dificuldades no terreno econômico e político neste primeiro semestre. O governo, especialmente o governo federal, busca criar condições para, ao mesmo tempo, promover o “ajuste” das contas públicas e a retomada do crescimento econômico, com controle da inflação” explica.
A opinião do aposentado de 69 anos, Edneu Bernades vai de encontro com a análise de Wagner Romão, ” se continuar como ta, só vai para baixo. As pessoas que trabalham e administram o país devem ter consciência ”, simplifica.
A população brasileira não crê em melhorias para o futuro, e essa leitura fica ainda mais difícil com as incertezas políticas do país. O professor da Unicamp não enxerga melhorias ou retrocessos para o Brasil, ” Cabe-nos acompanhar o desenrolar dos acontecimentos políticos e se como a economia reagirá a estes estímulos. Disso parece depender o futuro do governo e especialmente das sucessões nas prefeituras em 2016″, completa Wagner Morão.