Por Alessandra Xavier e Ananda Porto
Depois da Copa do Mundo do ano passado, o Brasil ainda vai sediar mais dois grandes eventos evento esportivo: as Olimpíadas e as Paraolimpíadas em 2016. Os preparativos estão a mil. Várias modalidades dos Jogos Olímpicos tradicionais já tiveram as vendas de ingressos esgotadas, como as finais do futebol, da natação e do voleibol.
As vendas para as Paraolimpíadas ainda não começaram, mas, se pegarmos os históricos de ambos os jogos, dá para antecipar que não vai ser tão concorrida quanto à busca pelos ingressos da competição tradicional. Uma pena, porque se compararmos os quadros de medalhas das equipes brasileiras, os para-atletas carregam muitas medalhas a mais que os atletas tradicionais.

Mas alguns dos nossos para-atletas, antes das Paraolimpíadas, vão disputar o Parapan-americano, no Canadá, ainda este ano. É a quinta edição desses jogos em Toronto, capital canadense. As modalidades da competição são as seguintes:

Além dessas, a canoagem, a esgrima em cadeiras de roda, o hipismo, o remo, o tiro esportivo, o triatlo e a vela, que são modalidades que estarão nos Jogos Paraolímpicos de 2016 não vão fazer parte das disputas de Toronto.
Se compararmos os quadros de medalhas dos últimos jogos Pan-americanos e Parapan-americanos, a situação se repete: mais uma vez os para-atletas se destacam. Segundo Jonas Freire, membro do Comitê Paraolímpico Brasileiro, o nível técnico de ambas as competições é muito forte. “Os para-atletas treinam muito, com o suporte multidisciplinar necessário. Eles estão rendendo muito. Os atletas de classe alta, que são aqueles com as menores deficiência, estão fazendo tempos cada vez menores e mais próximos dos tempos olímpicos”, afirma. Além disso, Freire contou que os para-atletas vão com tudo para as duas competições. “A gente vai tentar repetir esse feito de ter ficado em primeiro (no Parapan-americano de Guadalajara) e, quem sabe, aumentar o número de medalhas conquistadas. O carro chefe das nossas medalhas, tanto no Parapan, quanto no Paraolímpico, é a natação e o atletismo”.

Competições com para-atletas
Diferente das competições tradicionais, nas quais as modalidades são únicas, nas competições que envolvem para-atletas, como o Parapan-americano e as Paraolimpíadas, há diversas subdivisões conforme o tipo e o grau de deficiência. Assim, os atletas são separados de acordo com sua habilidade funcional, podendo competir também com cadeiras de rodas e próteses, além de guias para os deficientes visuais. Isso é feito para assegurar que a competição seja justa e equilibrada.
Por exemplo: no para-atletismo, a competição é dividida em Field (campo – F), que entra os arremessos e os lançamentos, e Track (pista – T), que entram as corridas. Para o F há as subdivisões F11 a F13 (deficientes visuais), F20 (deficientes intelectuais), F31 a F38 (paralisados cerebrais, sendo de 31 a 34 para cadeirantes e de 35 a 38 para ambulantes), F40 (anões), F41 a F46 (amputados e outros) e F51 a F57 (competem em cadeiras, como sequelas de poliomielite, lesões medulares e amputações).

Já para o Track (T) há as subdivisões entre T11 a T13 (deficientes visuais), T20 (deficientes intelectuais), T31 a T38 (paralisados cerebrais, sendo de 31 a 34 para cadeirantes e de 35 a 38 para ambulantes), T41 a T46 (amputados e outros) e T51 a T54 (competem em cadeiras, como sequelas de poliomielite, lesões medulares e amputações).

Promessa no atletismo
Petrúcio Ferreira. Esse é o nome de uma das promessas do Brasil nas provas de atletismo para os jogos Paraolímpicos. O paraibano de apenas 17 anos é o recordista mundial nos 200m classe T47, cujos atletas são amputados de um dos braços, acima ou abaixo do cotovelo, sendo que ele compete profissionalmente há apenas um ano.
Aos dois anos de idade, Petrúcio sofreu um acidente com uma máquina de moer e perdeu parte do braço esquerdo. A falta do membro, no entanto, nunca foi um problema. Sempre ativo, o menino jogava bola com os amigos e assim foi descoberto para o atletismo. “Meu sonho era ser jogador de futebol, até que, um dia, um cara me viu jogando futsal e me chamou para participar de uma competição de atletismo”, afirma. A princípio o velocista ficou com receio, mas decidiu aceitar. E foi com esse convite que a sua carreira de velocista começou.
O paraibano, em um ano de carreira, já foi campeão no Para-Sul-americano do Chile nos 100m e nos 200m. Neste ano, ele também ganhou ouro nos 200m no Open Brasil Caixa Loterias e, com um tempo de 21s49, bateu o recorde mundial, que pertencia ao Francis Heath (25 centésimos acima do tempo de Petrúcio).
Pela primeira vez Petrucio vai participar de um Parapan-americano, ainda neste ano, e de uma Paralimpíadas, em 2016. “Eu estou um pouco ansioso, mas, se Deus quiser, vai dar tudo certo. Meu objetivo é sair com dois ouros: um nos 100m e outro nos 200m”, afirma. Mas para que esses ouros venham, é preciso muita dedicação. O velocista treina todos os dias em dois períodos: de manhã faz a parte de fisioterapia, que serve para prevenir lesões, e de tarde faz a parte física, na qual fica na pista treinando.
Segundo o velocista, o sonho de ser um jogador de futebol mudou. “Hoje eu quase não jogo mais, porque posso acabar me machucando e atrapalhando meus treinos. Agora eu me dedico a minha paixão, que é o atletismo. Eu quero estar representando o Brasil nessa modalidade, tanto dos 100m, quanto dos 200m”, afirma.
Sua maior inspiração não vem das pistas, mas sim de casa. Seus pais. “Eles sempre tentaram me criar como uma criança normal e isso fez muita diferença. Eu tenho um amigo que tem deficiência e que tem vergonha disso. Eu não. Eu sou normal como todas as pessoas”.
Você sabia?
Segundo o porta-voz do Comitê Paraolímpico Brasileiro, Jonas Freire “os atletas de classe alta, que são aqueles com as menores deficiência, estão fazendo tempos cada vez menores e mais próximos dos tempos olímpicos”. Se compararmos o tempo dos 100m rasos do homem mais rápido do mundo, Usain Bolt, com o tempo do velocista para-olímpico Petrucio Ferreira, a diferença é de apenas 1s23. Confira:
Editado por Marcel Kassab
