“Literatura Infantil e Juvenil continua sendo um gênero motor de crescimento de livros”, destaca Convenção Nacional de Livrarias

Por Carolina Barboza

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A Relações Públicas Ana Carolina Lopes compra livros novos todo mês para a filha Beatriz (Foto: Carolina Barboza)

O faturamento de livros infantis representou crescimento de 4% durante o primeiro semestre de 2014 em relação ao mesmo período em 2013. Enquanto isso, o segmento de brinquedos apresentou saldo negativo de 0,6%. Os dados são da GfK Brasil, empresa alemã de estudos de mercado, apresentado durante a Convenção Nacional de Livrarias. O segmento infanto-juvenil foi o que mais contribuiu para a expansão de 2% no varejo de livros no Brasil entre janeiro e julho de 2014 em comparação com 2013. Vani Santana, líder de vendas da Livraria Saraiva do Shopping Iguatemi em Campinas, afirma que 30% das vendas totais sai do setor infantil. Com muitas histórias para contar, a vendedora da seção infantil na Livraria Saraiva, Gilsilene do Carmo, vê uma geração nova mais interessada pelas palavras. “É uma geração que lê bastante”, afirma sem rodeios. Ela conta que, antes mesmo de juntar sílabas e aprender a ler, as crianças têm entrado em contato com os livros. Através das imagens e cores, com personagens expressivos estampados nas páginas, as crianças são atraídas aos seus primeiros exemplares. “A gente educa os pais a lerem literatura infantil e já começa a educar os filhos a ouvirem literatura infantil”, explica a livreira Patrícia Meira, que atende o público infantil da Livraria da Vila. A procura cada vez mais cedo vem da inovação do mercado, representada pelas edições que interagem com o leitor e que estimulam a imaginação. “Eles já estão crescendo num avanço inexplicável. Tudo que para eles é novidade, chama a atenção. Então se o livro tiver muita figura, ou tenha um som, seja bem colorido, isso vai chamar a atenção”, explica a vendedora de livros Gilsilene.

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Nos livros infantis, a temática da família e da ecologia são recorrentes (Foto: Carolina Barboza)

No processo de elaboração de acervo e curadoria de títulos para o Instituto Brasil Leitor, a Bibliotecária Maria das Graças Garcia observa que o mercado editorial brasileiro direcionado ao público infantil tem passado por uma transformação na maneira que os temas são abordados e na apresentação das edições. Maria destaca a procura pelos modelos de livros interativos com abas, pop-ups e texturas. “O mercado editorial do livro infantil procura atender uma demanda de uma nova infância e estimula a interação entre obra e leitor”, diz.

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A Livraria Saraiva promove, toda semana, contagem de histórias para o público infantil (Foto: Carolina Barboza)

A Relações Públicas Ana Carolina Lopes encontra, nos livros lúdicos e com edições diferenciadas, a oportunidade de estimular a filha Beatriz, de 6 anos, a despertar o gosto pela leitura. “Desde os livrinhos de folha grossa de apalpar, até a gente chegar agora nos livrinhos que ela está começando a ler sozinha. Então é um treino pra ela”, relata. Ana Carolina potencializa o sucesso das edições diferenciadas fazendo vozes e expressões dos personagens, enquanto lê para a filha antes de dormir. A pediatra Cláudia Lobo Cesar renova o acervo de livros infantis de seu consultório a cada três meses. Cláudia valoriza os exemplares enquanto papel importante na instrução de crianças para mães e educadores, que podem desde ensinar a linguagem até chegar à discussão dos temais mais avançados, como a sexualidade. “Começa no lúdico e vai instruindo. Primeiro as figuras, as figuras que eles podem palpar e se interessar e a coisa vai indo, vai indo até que eles passam a conhecer o mundo através dos livros”, conta. Nas narrativas infantis juvenis, a temática da família e da ecologia são recorrentes para estimular o papel das crianças como agentes da sociedade, além da função de pequeno cidadão na preservação ambiental e no convívio com as diferenças. Para o Mateus Dourado, de 11 anos, a coleção das edições ‘jovens’ do Maurício de Sousa trazem assuntos interessantes. “Normalmente histórias com aventuras, grandes aventuras. Os mangás são os melhores. Acho que são os que eu mais gosto, mesmo”, destaca. A livreira Patrícia conta que a maioria dos pais apostam nessas temáticas educativas, além de clássicos como a Ruth Rocha ou o Monteiro Lobato. Os e-books, segundo ela, ainda ocupam espaço muito pequeno nas leituras infantis. Em seu ambiente de trabalho, quase não vê os pais recorrerem a esta tecnologia para os filhos. “Eu acho que existe o conceito do virar a página, carregar o livro, que o e-book não vai conseguir passar isso para uma criança. Porque o livro, na verdade, é sinônimo de crescimento. Quanto mais letras e menos ilustração tiver, mais a criança vai se sentir adulta”, opina. Enquanto os pequenos não abandonam as edições sem cores e figuras, a Editora Brinque-Book aposta na união do livro com a brincadeira. De acordo com o representante de marketing da editora, Lucas Tosi, é no lúdico e na fantasia que se criam as bases sólidas para a formação de uma identidade. “A criança que lê floresce com fluência e confiança para desenvolver seu imaginário e intelecto”, explica. Este ano serão publicados 39 títulos, um a mais em relação ao ano anterior. “A Brinque-Book está crescendo ano após ano, podemos perceber um aumento na demanda do livro infantil”, acrescenta. Acompanhe o bate papo com a editora Brinque-Book, que também trabalha com o selo Escarlate, ambos para o público infantil (de 0 a 12 anos). BATE PAPO

Edição: Bárbara Pianca

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