Por Tiberg Lima

Neste domingo, 13 de setembro de 2015, aproximadamente 50 pessoas, entre desenvolvedores e entusiastas, compareceram a palestra do game designer Marcos Venturelli (Relic Hunters Zero, Chroma Squad, Dungeonland) promovida pela Dev/Camp no Sesc Campinas, com o objetivo de aprender a transformar ideias em jogos. Segundo Venturelli, que possui 8 anos de experiência nesse mercado, o setor de jogos passou por uma transformação nos últimos anos, principalmente por conta da iniciativa interna: “Hoje pode-se dizer que o Brasil tem uma cena de games, não só porque produz e vira uma referência lá fora, mas também porque estamos dispostos a compartilhar nossa jornada e ajudar para que mais pessoas ao nosso redor também consigam”. Depois da palestra, o publico pode ainda mostrar seus jogos, compartilhar ideias e fazer network.
Marcos Vinícios, estudante de Ciência da Computação da UnG – Universidade de Guarulhos – que fez a demonstração de seu jogo produzido em uma Game Jam (evento em que desenvolveres produzem jogos em um perído de 24 a 48 horas) sobre planejamento de viagem, conta que o importante é o network, pois é nesse momento que você conhece pessoas que falam a mesma língua que a sua. Para ele, a graduação não importa tanto, apesar de seu curso abranger bastante essa área: “O importante é correr atrás e não se limitar ao que a faculdade te pede. A faculdade aponta um caminho, mas o importante é participar dos eventos e ir atrás de conhecimento”.

O Presidente da IGDA Campinas, Marcelo Rigon (33), há 12 anos no mercado com mais de 200 jogos educativos para o portal ClickIdeia e que também está promovendo a Quantum Game Jam nos dias 18 a 20 na Unicamp, diz que a economia está se estruturando em volta do mercado de games e que hoje é possível ganhar dinheiro nesta área mesmo sendo um desenvolvedor independente, “A questão é saber o que fazer com o que você tem, existem diversas ferramentas gratuitas que possibilitam isso, o importante é a criatividade” comenta Marcelo. Ele também acredita que a Google Play, Itunes Store e a Steam são hoje possibilidades para quem quer lançar seus jogos sem passar por grandes empresas no mercado.

O ministro da Cultura, Juca Ferreira, em sua participação no XXVII Fórum Nacional – A Hora e a Vez do Brasil, defendeu o setor dos jogos eletrônicos como uma das formas de nosso país escapar da crise econômica. Segundo ele, a indústria de games permanece entre uma das poucas que continua lucrativa, mesmo em meio à crise mundial.
Como exemplo das soluções que podem ser implementadas no ambiente nacional, ele citou o projeto “Cidade Multimídia”, da cidade de Montreal, no Canadá. Após se tornar um sucesso, o modelo de negócio foi adotado em outras partes do país norte-americano que hoje só fica atrás do Japão e dos EUA em quantidade de jogos produzidos.
Apesar disso, os jogos digitais no Brasil ainda são taxados como jogos de azar e sofrem preconceito quando são colocados no mundo dos negócios. Sobre esse assunto, Marcos Venturelli comenta que o mesmo preconceito aconteceu com o setor de animação no Brasil , mas que hoje o mercado já se estruturou e existe grande apoio governamental para essa área. “O cinema esta na fase adulta, a animação na adolescência e os jogos ainda na infância, mas nós logo acompanhamos os outros mercados de entretenimento no Brasil” conclui positivamente Marcos.

O que é uma Game Jam?
Game Jam é um evento em que as pessoas se reúnem virtualmente ou fisicamente para criar um jogo em até 48 horas. A ideia principal deste tipo de evento é promover a interação entre as pessoas que gostam do assunto e experimentar o desenvolvimento de um jogo utilizando um tema específico, sem se preocupar se vai ou não ganhar dinheiro com isso, e sim pela diversão de fazer jogos com o seu grupo ou com pessoas que você encontra aleatoriamente durante o evento. Você não precisa ser um profissional da área ou já estar com o time completo para participar. É só ter vontade de fazer um jogo, se cadastrar e, no dia, procurar algum grupo com alguma afinidade. (Informação:IGDACampinas)
Cenário de Jogos
Em meio a crise nacional, o setor de games tem previsão de movimentar US$ 3 bilhões e oferecer 117 mil vagas de mão-de-obra especializada até dezembro de 2015. O “boom” do setor está provocando a procura por cursos de game design, que dobra a cada dois anos segundo a Associação Brasileira de Desenvolvedores de Games (Abragames).
Segundo a associação, o Brasil é o quarto maior consumidor de jogos eletrônicos do mundo, com 61 milhões de usuários. Uma das explicações para esse crescimento é a popularização dos smartphones e dos tablets, que permitem o contato com os jogos em qualquer lugar e a toda hora.