por Sérgio Moreira Jr.
SONY, EMI, Som Livre, Warner Music Brasil: há 10 anos, se um artista quisesse lançar um trabalho com alguma relevância no mercado musical era impossível não se atrelar a essas empresas.
Hoje o papo é diferente e as possibilidades são diversas. Chamadas de “selos independentes”, as novas empresas criadas dão suporte para o artista em diversas áreas do mercado. Existem selos especializados só em gravação, divulgação, assessoria de imprensa e outros que conseguem intervir em todas as etapas do mercado.
Segundo a definição oficial da Associação Brasileira da Música Independente – ABMI , são consideradas selos (ou gravadoras) independentes brasileiras todas aquelas que têm a maioria de seu capital nacional. Mas para quem consome e quem participa do mercado musical, é considerado independente quando não tem relação com multinacionais.
Estima-se que, formal ou informalmente, existem cerca de 300 a 500 gravadoras ou selos que se encaixam nessa categoria no Brasil. Elas são responsáveis pelo maior número de lançamentos de discos anuais, porém tem uma participação de somente 5% no faturamento total do setor.
O cenário musical de 2015 pra cá se tornou inédito. Segundo dados da Federação Internacional da Indústria Fonográfica – IFPI, pela primeira vez o lucro de músicas digitais superou o lucro de músicas em material físico no Brasil e no mundo. Isso mostra o quanto o mercado está se adaptando às necessidades dos consumidores.
Junto com esse crescimento do mercado, vem as oportunidades de demanda. Um selo independente pode trabalhar com diversos artistas e o contrário também é possível – um artista pode trabalhar com diversos selos. Depende da área do mercado que o músico precisa de ajuda.
A HBB Records, por exemplo, é referência no cenário independente e, só neste ano, lançaram 24 álbuns diferentes. Criada em 2011, estão com um casting cheio de artistas como Ultramen, Medulla, Autoramas e Hateen.
“Apesar de vivermos na era digital, nossa principal fonte de renda é ainda a venda de álbuns em formato físico e merchandising das bandas e do selo. O cd que vendemos é um produto que tem um preço adequado ao bolso do brasileiro” explica Antônio Augusto, fundador da HBB.

Em Limeira, a produtora cultural King Chong iniciou suas atividades como selo independente em 2014. Lançou 5 trabalhos e aborda também a questão da interação entre os artistas e selos. A KC já levou bandas para tocar na Bolívia e trouxe bandas do Uruguai, Argentina e outros países latinos para tocar em eventos deles no Brasil.
“A divulgação e circulação é nosso forte, mas a gente também dá o aparato audiovisual que artista precisa. Nossa equipe tá preparada para fazer fotos, videoclipes e construção de sites” explica Gustavo Ribeiro da KC.
A produtora Freak, criada em 2010 na cidade de São Paulo, trabalha em todas as áreas de produção, desde a gravação, com estúdio próprio e profissionais capacitados para produzir, gravar e mixar, até assessoria de imprensa. Além de selo, eles são também uma produtora cultural, mais que uma produção de qualidade, prezam por uma interação entre as bandas e os profissionais imersos no mercado.

“Aqui em São Paulo fazemos vários eventos, um deles é a XXXbórnia, um evento para a integração artística que circulam bandas e DJs. Chamamos artistas de outros selos, outros lugares do Brasil para que haja interação e troca de experiências, e claro, os artistas da Freak, tem uma garantia de palco” diz, Gustavo Prandini da Freak.
Os trabalhos que cada selo oferece para os artistas se diferem de empresa para empresa. A Howlin’ Records, também de São Paulo, explica que trabalha bastante com merchandising e que consegue lucro com isso.
“Nós produzimos camisetas e posteres para os shows. Temos camisetas da gravadora, nas quais o custo e o lucro são todos do selo. Algumas bandas bancaram as camisetas e nós repassamos o valor da venda. Outras bandas não têm dinheiro para bancar camisetas, então nós produzimos e repassamos o lucro da venda para as bandas” diz, Bruno Pinho da Howlin’.
A forma como os novos selos se organizam é outro fator que chama atenção, já que tenta sair dos paradigmas empresariais, busca maior vínculo com o público e, principalmente, a relação com o produto é diferente: “Tudo que fazemos é com as bandas e pelas bandas, todos os membros do selo fazem parte de algum projeto musical, não temos escritório nem funcionários, essa parte estrutural e financeira dos difere bastante dos selos tradicionais” finaliza Pinho.
Editado por Letícia Baptista