Por Karina Rocha
Thauany Souza Leite, estudante de Direito, tem 19 anos e nunca trabalhou. Ela está atrás de uma porta no mercado de trabalho, mas adivinha? Estão todas fechadas! No Jogo da Vida, vence o peão que conseguir encontrar um emprego em meio a um cenário de crise, principalmente entre os jovens e adolescentes.

Mas ela não é a única! A estudante faz parte das centenas de jovens que estão em busca de uma oportunidade. De acordo com o levantamento do Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, a categoria mais atingida pelo desemprego, está entre os 14 e 24 anos. No 4° trimestre de 2015, o índice nessa faixa etária era de 15,25%, mas no 1º trimestre deste ano, ele avançou algumas casas e alcançou a marca dos 26,36%. Além disso, a pesquisa aponta que a redução nas admissões foi mais intensa que a probabilidade de perder o emprego.
Assim como a Thauany, a jovem de 19 anos, Anne Baessa, nunca trabalhou. Ela cursa Engenharia de Produção e não vê a hora de se inserir no mercado de trabalho. Inicialmente, o objetivo era encontrar um estágio, mas com tantas dificuldades, ela mudou a rota do jogo e passou a distribuir currículos por todo o caminho. “Eu já entreguei mais de 80 currículos e nada. Acho que o fato de eu estar no primeiro ano interfere um pouco. Muitos amigos meus conseguiram, mas não foi assim comigo. Então, não estou exigindo muito, o que aparecer é lucro”, conta a estudante.
As regras do jogo
Segundo a pesquisa, a taxa de desocupação entre os jovens foi a que mais cresceu entre os grupos etários. O professor de Economia da PUC-Campinas, Roberto Brito de Carvalho, explica que além da crise, existem outros fatores que colaboram para esse cenário. “Em um momento de crise, os jovens são os que mais sofrem no mercado de trabalho. Nesse momento, encontramos muita mão de obra competente e qualificada, ociosa. Por serem contratados por preços inferiores ao “normal”, isso os coloca na frente de muitos jovens ainda inexperientes.”
Para ele, a tendência a acomodação também faz a faixa etária perder a vez. “Os jovens hoje criam expectativas com relação ao mercado e quando não encontram aquilo que idealizaram, preferem permanecer na zona de conforto à aceitar a experiência. Com os mais experientes já não funciona assim, eles se moldam as oportunidades que aparecem.” Outro fator que reflete diretamente nisso, é a inconstância presente na geração Z. “Eles tem uma ansiedade pelo crescimento profissional, o que faz com que aumente a rotatividade das vagas. As empresas sabem disso e assim, procuram profissionais com comportamento mais estáveis”, aponta o economista.

Fique sem jogar uma rodada
Mesmo contando com a ajuda dos pais, a Anne não vê a hora de chegar a sua vez de girar a roleta e cair na casa
premiada. “Eu ajudo minha mãe no salão e com as tarefas domésticas, mas não ter um emprego fixo e nem independência financeira é péssimo.” A Thauany vê a situação da mesma forma. “É horrível estar desempregada. Eu não lido bem com o fato de sempre ter que pedir dinheiro para os meus pais. Mas pelo menos eles podem me dar uma força, tenho amigos que estão passando necessidade pela falta de trabalho.”
Gire a roleta e avance

“Não há mal que não acabe”, brincou o professor Roberto Brito de Carvalho. Ele explica que a economia é cíclica e por isso a situação pode melhorar. “Por mais que não seja de forma efetiva, é possível que até 2018 sintamos uma sensação de estabilização com relação ao mercado.”
Além disso, não desanime! Nem todas as portas estão fechadas. Enquanto muitos jovens se encontram desempregados, outros estão conseguindo uma oportunidade no mercado de trabalho. A Laura Baié, de 21 anos, é um exemplo disso. A estudante de Jornalismo se forma no final deste ano, mas já trabalha com efetiva na Elektro, a melhor empresa para trabalhar no Brasil. A jovem entrou como estagiária em janeiro de 2016 e em apenas cinco meses, avançou algumas casas e parou do dia de sorte! Conheça um pouco dessa trajetória profissional de sucesso:
Aprenda a jogar
Para mandar bem no jogo, é preciso saber as regras, utilizar as estratégias certas e aproveitar o momento. Segundo o professor de Economia da PUC-Campinas e Consultor Externo da OIT – Organização Internacional do Trabalho, Leandro Moraes, com as novas ondas tecnológicas, os jovens estão abrindo suas próprias portas no mercado de trabalho, ou seja, se tornando empreendedores. “Os jovens estão inovando e gerando necessidades para os consumidores. Os novos ricos da atualidade estão ligados justamente a esse setor.”
Se você quer ser um bom competidor, não deixe de seguir algumas dicas do professor Roberto Brito de Carvalho:
Editado por Thiago Tedeschi