Por Rafaela Galvão
Apesar do cenário econômico desfavorável, as marmitarias saudáveis e o setor de alimentos orgânicos, em geral, apresentam resultados positivos. Em Campinas, não é diferente. A cidade é a quinta melhor do país para empreender. A exemplo disso, o número de microeemprededores individuais (MEI’s) na região aumentou 18,4% em um ano, de acordo com o Sebrae-SP. O boom das marmitarias tem parte nesse número: o setor de alimentação foi o que mais cresceu entre 2015 e 2016, segundo levantamento do Serasa Experian.
Os donos das marmitarias perceberam essa mudança de cultura alimentar e enxergaram nela uma oportunidade de negócio. Tiago do Canto Alves e Thiago Vegette apostaram nesse nicho ao abrir, recentemente, o Healthy Bistrô. “A ideia surgiu após algumas conversas com a nutricionista Líbia Vieira, esposa de Thiago, que nos passou algumas dificuldades que seus pacientes encontram no dia a dia”, explica Tiago, que está otimista quanto o futuro do negócio.
Também foi assim que a nutricionista Ana Claudia Otaviano entrou no ramo. Ana, especialista em Nutrição Clínica e Saúde Pública, comenta que começou a fazer marmitas congeladas devido às queixas frequentes de seus pacientes. “Eles não obtinham os resultados esperados por não conseguirem cumprir as orientações nutricionais propostas. O estilo de vida agitado não anima as pessoas a cozinharem”, esclarece. Ana Claudia comemora a influência positiva que a venda das marmitas lhe proporcionou: “Fiquei mais conhecida. Virou uma espécie de Marketing, pois, ao me conhecerem através das marmitinhas, as pessoas se interessaram em fazer acompanhamento nutricional”.
Mais qualidade

Fabiana Ferreira é estudante universitária e passou a alimentar-se fora de casa com mais frequência depois que começou a trabalhar. No início, Fabiana comprava as marmitas convencionais, no entanto, engordou e percebeu sua saúde reclamar. Assim, a estudante de Publicidade e Propaganda tratou de dar um jeito de comer de forma mais saudável. “Soube de uma moça que vendia marmitas mais saudáveis para as pessoas do meu trabalho e resolvi experimentar”, relata. Ela conta que, anteriormente, pagava R$ 13,00 pelo almoço. Agora, paga R$ 13,50. “Se eu fosse fazer em casa, custaria mais caro. A diferença de valores é quase nenhuma. Por mais saúde, vale à pena”. Fabiana é um exemplo dos jovens da geração Z que aceitam pagar mais por comida de qualidade, segundo pesquisa realizada pela Nielsen. O levantamento aponta que 81% e 78% da geração Y e Z, respectivamente, não se importam em gastar um pouco mais com alimentos orgânicos, sem glúten e ricos em proteína.
Emagrecer com saúde

Alison Tauba emagreceu 30 kg, ganhos quando era universitário, com a mudança de hábitos alimentares. Como Fabiana, o gestor em Políticas Públicas também contou com a conveniência de ter uma marmitaria perto do seu trabalho. O jovem afirma que as “quentinhas” saem mais baratas e ajudaram no seu processo de reeducação alimentar. “As quantidades já vêm certas e você não precisa embutir os outros custos. O gás, a água que se gasta lavando os legumes e etc. São coisas mínimas mas que, no final, aumentam o valor final”, ele explica.
Jovens empreendedoras
A estudante de Direito, Lara Dellu, arriscou abrir uma marmitaria com sua sócia por ter boas expectativas no futuro do setor de alimentação saudável. “Estamos trabalhando com isso porque está em alta e encontramos aí uma oportunidade de ganhar dinheiro trabalhando para nós mesmas”, explica. O risco valeu à pena. Lara e sua sócia pretendem abrir uma loja física em um shopping ainda no mês de setembro. Mesmo não fazendo nenhuma pesquisa acerca do negócio, a estudante acertou. De acordo com levantamento da Mintel a demanda por alimentação saudável continuará a crescer. A pesquisa realizada pelo instituto indica que 83% dos brasileiros gastariam mais com alimentos mais saudáveis.
Onde encontrar
Por ser um negócio recente e ainda informal, o Sebrae não dimensiona um número exato para a quantidade de marmitarias saudáveis em Campinas. No entanto, por se tratar de algo inovador, lucrativo para quem investe e benéfico para quem utiliza, espera-se que esse número aumente.
Editado por Pedro Alves
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