
Por Joel Silva
O Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), uma das principais fontes no país em relação ao binômio saúde e álcool, alerta para a necessidade de prevenção ao uso excessivo de álcool por parte dos jovens ingressantes na vida universitária, os calouros. É nesse período inicial da vida acadêmica, que os jovens tendem a desenvolver os maiores casos de abuso de álcool e outras substancias ilícitas. O chamado padrão pesado episódico, que segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) correspondente ao consumo de cinco ou mais doses de álcool em uma mesma ocasião.
Segundo o Presidente Executivo do CISA Arthur Guerra, a entrada na universidade, para os jovens, simboliza o início de uma nova fase repleta de mudanças e expectativas nos âmbitos pessoal e profissional. “Naturalmente, o aluno tende a procurar ser socialmente aceito e viver intensamente as ocasiões para aproveitar esta etapa tão promissora” afirma.
O estudante de Engenharia na PUC-Campinas, Saulo Pereira, 19 anos, conta que começou a consumir álcool durante o Ensino Médio por influência dos amigos, e que o início do curso superior o levou a aumentar esse consumo. “Quando a gente chega à maioridade, a gente consegue frequentar lugares como baladas, festas, bares, uma coisa à outra. Quando a gente chega à faculdade, divide uma cerveja com os amigos… Não tem nada melhor para relaxar”, afirma o estudante, que já reprovou em três disciplina do curso por faltas. Ele assume que, muitas vezes, chegou ao bar com os amigos no pré-aula e permaneceu durante o horário em que deveria estar estudando.
Segundo dados do Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras, 25% dos estudantes relataram o padrão de beber pesado episódico em pelo menos uma ocasião no mês anterior à entrevista, ou seja, um em cada quatro estudantes está frequentemente exposto a situações de risco decorrentes do uso excessivo de álcool.
Outro aluno de Engenharia de 21 anos, que preferiu não se identificar, afirma que já reprovou em sete disciplinas, e culpa o consumo excessivo de álcool pelo ocorrido. Ele afirma que é difícil resistir à ida aos bares, principalmente àqueles que ficam próximos à universidade, facilitando o consumo diário de álcool.

O que diz a lei sobre os bares próximos as universidades?
De acordo com a lei 12921 de 07 de maio de 2007, deve existir uma distância mínima de 100 metros entre o portão de acesso ao estabelecimento de ensino e os bares. No caso do campus I da PUC-Campinas, existem três bares a uma distância inferior a estabelecida pela lei. O dono de um dos estabelecimentos, que não quis se identificar, explicou que o comércio possui registro de lanchonete, que é permitido, embora venda bebidas alcoólicas e possua características de um bar como mesas de sinuca.
Outras drogas
Segundo dados do levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas, no território nacional para cada adulto, existe 1,4 adolescente que já fez uso de alguma droga ilícita. Entre jovens e adultos, 8 milhões de pessoas já experimentaram maconha, e 1,3 milhões assumem serem dependentes da substância. Entre as drogas mais populares no Brasil também estão a cocaína, com 1,6 milhões de usuários; o crack com 0,1 milhão; o ecstasy com 0,1 milhão; a heroína com 0,1 milhão; os esteroides com 0,6 milhões e alucinógenos 0,8 milhões.