
Por Stephanie Franco
Na década de 1920, Coco Chanel ousou criar roupas femininas partindo da modelagem feita para homens. As primeiras calças compridas no guarda roupa das mulheres surgiram da inspiração da estilista com as calças utilizadas por marinheiros, que apresentavam bocas mais largas.
Assim, o mundo era apresentado ao estilo “sem gênero” – conhecido também como genderless. Sabe-se que o conceito não é novo, mas este nunca foi amplamente utilizado antes pelas marcas, e assim, pelas pessoas.

Mas, no começo desse ano, Jaden Smith, de 17 anos, – filho do famoso ator Will Smith – foi convidado por Nicolas Ghesquière, diretor criativo da Luis Vuitton à estrelar a campanha da linha feminina da marca. O garoto já apostava no estilo genderless para se vestir: no ano passado, foi visto comprando um vestido. Na legenda, ele afirma “Fui à Topshop para comprar roupas de menina. Quero dizer, roupas”.
A quebra de tabus também veio para o Brasil: no mesmo dia em que a campanha de Jaden foi anunciada nas redes sociais, o ator Bruno Gagliasso foi à festa do também ator Paulo Vilhena com um vestido vermelho da esposa, Giovanna Ewbank.

As marcas
Com toda a movimentação do público em relação à quebra de imposição de gêneros, as marcas começaram a criar suas coleções genderless – e ainda não conseguiram agradar.
A Zara lançou, em março de 2016, a coleção Ungendered, com calças jeans e blusas de moletom em cores neutras – e considerada “sem graça” por muitas pessoas na internet. O escritor transgênero Tyler Ford, em seu Twitter, reclamou “Quando vamos superar a ideia de que roupas ‘sem gênero’ são simplesmente camisas e calças básicas? Por que isso seria ousado?”.

No Brasil, a C&A, de forma extremamente discreta, lançou também sua coleção sem gênero em uma campanha chamada “Tudo Lindo e Misturado”. Nela, um homem aparece usando um vestido floral. Nas araras, o conceito de genderless passou longe, como mostra essa matéria feita pelo BuzzFeed Brasil.
Conceito de Identidade de Gênero
Como já vimos na matéria do repórter Gabriel Furlan, o conceito de identidade de gênero não se relaciona, obrigatoriamente, com o sexo biológico com que nascemos. Veja abaixo uma explicação mais detalhada sobre o assunto.
Quem usa

O estudante universitário Weslley Bravo Stonem é um dos expoentes do estilo genderless na região. Ele usa saia, e gosta. “Tanto que eu sou conhecido na faculdade e na região onde eu moro como “o menino da saia”, ele ri.
Wesley conta que a primeira vez que usou saia, foi à Lagoa do Taquaral, em Campinas. “Eu comprei uma saia e cortei ela, me apaixonei e falei “Preciso sair assim, para sentir esse conforto, e fui para a lagoa com umas amigas minhas”. A reação nem sempre é positiva: “As pessoas ficam olhando, sempre, na cara dura”.

Wesley conta que sempre comprou na seção feminina “mas não por querer ser mulher, mas por querer mesclar as roupas, por achar que a peça com estética feminina também combina com meu corpo e com o estilo que eu vou usar”.
O estudante ainda afirma que a moda genderless é o futuro da sociedade: “Se você tem uma loja e trabalha com a moda sem gênero, o público vai se acostumar com isso e vai levar para frente, mesmo sendo uma ideia por baixo dos tapetes”.
Editado por Gabriel Furlan