Por Rebecca Veiga
Apesar de não existirem dados concretos, é comum muitos animais morrerem por intoxicação alimentar – ou seja, quando ingerem algo que não faz bem ao seu organismo. Assim, quem é dono de algum animal, deve tomar cuidado até mesmo com o que cai no chão, já que há alimentos da dieta humana que não farão bem a ele.
O Nino, Yorkshire da estudante de regência musical Thaís Costalonga, já lhe rendeu alguns sustos. “Ele já comeu alguns pedacinhos de chocolate que caíram no chão. Ele é bastante ligeiro, acabou ingerindo antes que eu pudesse recolher o chocolate. Tivemos que levá-lo ao veterinário, mas, no fim, deu tudo certo”.
O chocolate é um dos alimentos que mais fazem mal aos animais, principalmente aos cachorros, segundo a médica veterinária Veronika Villagelin. Outros alimentos que também são considerados tóxicos são a cebola, alho, abacate, massas cruas e comidas temperadas e/ou com muita gordura, como carnes, ossos de porco com gordura e embutidos.
Foi o que aconteceu com a vira-lata Kate. Após comer gordura que lhe foi ofertada por um membro da família, a cachorra de Sophia Archangelo teve uma reação alérgica e foi encaminhada para uma clínica veterinária. “Vira-latas são bem resistentes, então fiquei preocupada quando ela começou a passar mal,” disse a dona. A veterinária Veronika Villagelin adverte: “Dar gordura para os animais faz muito mal, sim. Isso acontece porque, antigamente, as presas eram magras – ou seja, eram puro músculo –, então eles não conseguem assimilar a gordura. Isso pode gerar problemas hepáticos e no pâncreas”.
Kate ficou melhor, mas Sophia teve de tomar mais cuidado.
Contudo, não são só animais domésticos como cães e gatos que podem passar mal ao ingerir algo que lhes intoxicará. Os alimentos que são ofertados a animais de zoológico, por exemplo, também podem ser muito perigosos. É por isso que no Bosque dos Jequitibás, em Campinas, há placas de advertência para que os visitantes não deem alimentos que não são comuns nas dietas dos animais. Segundo o médico veterinário do Bosque, Douglas Presotto, cada espécie possui uma dieta balanceada, que se aproxima muito do que teria na natureza, conforme as necessidades dos animais.
Ainda assim, Presotto afirma que já houve problemas. “Uma vez, encontrei uma cotia – animal de pequeno porte que fica solto no Bosque – se deliciando com um pote de sorvete que alguém deixou para trás. Não colocam no lixo, aí esses animais aproveitam”. Porém, o veterinário fica mais aliviado ao informar que, nos dois anos em que tem trabalhado no local, nunca encontrou um caso mais sério.
“O problema mais grave não é nem com a comida, mas com o lixo. Embalagens de salgadinhos, canudinhos…” É o que diz o estudante de veterinária e estagiário contratado do Bosque, Breno Jancowski, que já chegou a tirar um canudinho da boca de uma anta. “Nós percebemos que o visitante esporádico, que vem de vez em quando, é quem mais se descuida; já os que vêm com mais frequência, tomam conta daqui”.
Ambos Presotto e Jancowski concordam que a pior situação, em relação à alimentação irregular, ocorre com os primatas. No Bosque, os macacos-prego ficam situados em duas localizações: o tanque, em que ficam em uma ilha – assim, sem contato direto com o público – e em uma jaula, local em que há mais proximidade entre os animais e as pessoas. Lá, inclusive, pode-se encontrar uma placa de advertência. “A dentição dos primatas é mais próxima da nossa, então é comum encontrarmos cáries. Em outros animais, como os carnívoros, isso é raro de acontecer,” ressalta Presotto.
Editado por Giovanna Favaretto
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