Por Rodrigo Ferrari
É cada vez mais comum jovens conciliarem estudos com trabalho e atividades extras. Diversas informações no dia a dia contribuem para a ansiedade, provocando a Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA), que é uma hiper construção de pensamentos, numa velocidade tão alta que estressa e desgasta o cérebro. Um mal que hoje atinge mais de 80% dos indivíduos de todas as idades, principalmente os jovens.
Lethcia Ferraz, 22, estudante do 4º ano de Psicologia conta ao Digitais como a síndrome atrapalha seu dia a dia:
SINTOMAS:
Quem possui a Síndrome do Pensamento Acelerado tem a constante sensação que está sendo esmagado pela rotina. Há uma sensação persistente de apreensão, falta de memória, déficit de atenção, irritabilidade e sono alterado. A mudança de humor também é visível. Os jovens têm a impressão de que não conseguem resolver todos os seus compromissos e planejamentos em apenas um dia.
O esgotamento mental da pessoa que não consegue desacelerar o seu pensamento normalmente se transforma em cansaço físico. Isso porque o córtex cerebral, a camada mais evoluída do cérebro, “rouba” energia que deveria ser utilizada em músculos e outros órgãos.
Causas
Uma das principais causas, é o ritmo intenso das grandes cidades, com overdose diária de informações e obrigações que afetam a saúde emocional das pessoas. Principalmente de jovens, que conciliam faculdade e trabalho.
Depressão, estresse, síndrome do pânico e nomofobia (medo de ficar sem celular) são outros exemplos de situações que ocorrem com muito mais frequência nas últimas décadas.
A psicóloga, Renata Cristina Sobral, diz que a síndrome do pensamento acelerado não é uma doença, mas sim um sintoma vinculado a um quadro de transtorno de ansiedade.”A SPA não é uma doença, é um sintoma do transtorno de ansiedade, que é caracterizado por nossa vida atual, nossa vida moderna. Isso vem de metrópoles como São Paulo, e de cidades que tem o estilo de vida muito acelerado”.

A psicóloga falou sobre os prejuízos para a vida dos jovens. “Eu como jovem começo a me sentir pressionado, a fazer coisas, buscar informações e isso vem gerando mais ansiedade, desencadeando a ansiedade no mundo emocional, não existe mais tranquilidade. No dia a dia eu fico sempre pensando no depois, no amanhã. E isso pode causar o transtorno pânico, um dos casos mais graves da ansiedade”.
A brasiliense Gabriella Piffero, de 22 anos, resolveu criar um canal no Youtube com o objetivo de ajudar pessoas que sofrem da síndrome. Ela é professora de inglês e estudante de Letras, e há três semans criou o canal “Sou. Penso. Ajudo.”, que é uma alusão às iniciais da própria síndrome (SPA).

Em entrevista ao Digitais, Gabriella disse que a ideia do vídeo surgiu logo após a sua primeira consulta com um psicólogo. Chegou até pensar em raspar o cabelo. “Olharia para meu retrato no espelho e teria aquele impacto de como meu cabelo vai crescer no tempo determinado. Eu preciso ter paciência e vou melhorar no tempo determinado pra eu melhorar. Não ontem, nem amanhã, mas com o tempo, com meus tratamentos. Um dia de cada vez,” revelou.
Os sintomas começaram a aparecer em março de 2014 quando fez a viagem dos seus sonhos. “Vi que algo estava diferente. Depois disso comecei a sentir que não dormia direito, não me alimentava bem. Comecei a emagrecer bastante e qualquer coisa eu me preocupava 50 vezes mais que o normal e não conseguia me controlar. Não via mais alegria em nada. Estava vivendo um sonho, mas eu mesma transformei em pesadelo por conta da síndrome.”
A estudante acredita que essa síndrome está cada vez mais presente na vida dos jovens por excesso de informação, o vício na tecnologia, o desespero por troca de mensagens instantâneas e o pânico por falta de respostas imediatas.
Confira abaixo o vídeo feito por Gabriella:
Para diminuir esse problema, a psicóloga Renata diz que o ideal é: tentar equilibrar um pouco a vida, não entrar nesse cotidiano tão acelerado, não se obrigar a fazer tantas matérias ao mesmo tempo, levar uma vida com uma alimentação saudável, além de fazer atividades físicas. Tudo isso pra usar a energia a fim de diminuir a ansiedade.
Editado por Arcilio Neto