Por Beatriz Biaggioni
Cidades da região de Campinas estão em alerta sobre o Zika vírus. Com alguns casos já confirmados, Atibaia, Americana, Campinas, Cosmópolis, Paulínia e Sumaré são as principais afetadas, com ocorrências registradas em gestatantes, doadores de sangue e receptores.

Diagnóstico
Para Márcia Pacóla, Diretora técnica de saúde de vigilância epidemiológica, é impossível conhecer o número real de infecções pelo vírus Zika, pois é uma doença em que cerca de 80% dos casos infectados não irão manifestar sinais ou sintomas da doença e, grande parte dos doentes, não irá procurar serviços de saúde, dificultando ainda mais o conhecimento da magnitude da doença. “A situação atual no país quanto ao Zika é a seguinte: nós não temos um diagnóstico laboratorial disponível em sorologia, o que nós temos é em PCR (Reação de Cadeia de Polimerase), que é um método muito caro e restrito em alguns casos, principalmente no Estado de São Paulo, para gestantes com exantema, recém-nascidos com microcefalia e casos em que já foi feito exame de dengue, Chikungunya e se encaixa no critério de Zika. Já o PCR é um exame muito especifico, caro e demorado , então não dá para fazer como faz a sorologia de dengue, que são placas que você põe 88 amostras sendo que depois de 3 horas já têm os resultados”, explica Márcia.

Microcefalia
A microcefalia é uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Neste caso, os bebês nascem com perímetro cefálico (PC) menor que o normal, ou seja, igual ou inferior a 32 cm. Essa malformação congênita pode ser efeito de uma série de fatores de diferentes origens, como substâncias químicas e agentes biológicos (infecciosos), como bactérias, vírus e radiação.
Na região de Campinas já somam 55 casos de microcefalia (dado atualizado no dia dezesseis de março), sendo 23 em Campinas, 9 em Sumaré, 3 em Jundiaí, 2 em Americana, 2 em Atibaia, 2 em Bragança Paulista, 2 em Hortolândia, 2 em Paulínia, 1 em Holambra, 1 em Jaguariúna, 1 em Monte Mor, 1 em Nova Odessa, 1 em Santa Bárbara do Oeste, 2 são em Serra Negra, 1 em Nazaré Paulista, 1 em Socorro e 1 em Várzea Paulista.
Vale lembrar que é importante as gestantes reforçarem as medidas de prevenção ao mosquito Aedes aegypti, com o uso de repelentes indicados para o período de gestação, uso de roupas de manga comprida e todas as outras medidas para evitar o contato com mosquitos, além de evitar o acúmulo de água parada em casa ou no trabalho. Além disso, antes de viajar, toda grávida deve consultar o seu médico, independente do destino.
Guillain- Barré
O vírus Zika também pode provocar a Síndrome de Guillain-barré que, considerada uma doença rara, é uma reação a agentes infecciosos, como vírus e bactérias, e tem como sintoma a fraqueza muscular e a paralisia dos músculos. Os sintomas começam pelas pernas, podendo, em seguida, irradiar para o tronco, braços e face. A síndrome pode apresentar diferentes graus de agressividade, provocando leve fraqueza muscular em alguns pacientes ou casos de paralisia total dos quatro membros. O principal risco provocado por esta síndrome é quando ocorre o acometimento dos músculos respiratórios, devido a dificuldade para respirar. Nesse último caso, a síndrome pode levar à morte caso não sejam adotadas as medidas de suporte respiratório. Assim como todas as possíveis consequências do vírus Zika, a ocorrência da Guillain-Barré continua sendo investigada.
Curiosidade
Outros vírus parecidos com o Zika geram imunidade para a vida inteira. Quem já teve dengue pelo vírus 1, por exemplo, não voltará a ter pelo mesmo vírus. Isso ocorre porque há quatro sorotipos de dengue, den 1, den 2, den 3 e den 4. O mesmo acontece com a febre amarela, porém, ainda não há estudos suficientes para afirmar isso em relação ao vírus Zika.
Editado por Bianca Massafera