Taxa de detecção de AIDS cai 5,5% em um ano no Brasil

Por Caren Godoy e Izabela Eid

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Símbolo da luta contra o HIV – Foto de divulgação

A taxa de detecção de AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), no Brasil caiu 5,5% de 2013 para 2014, passando de 20,8 casos por 100 mil habitantes para 19,7. No ano passado, foram diagnosticados 39.951 casos e, em 2013, 41.199, informa o Boletim Epidemiológico HIV/Aids de 2015, divulgado no dia 1° de dezembro de 2015 pelo Ministério da Saúde. De acordo com estimativa do ministério, atualmente, 781 mil pessoas vivem com HIV/AIDS no Brasil. A queda de 5,5% é a maior redução anual de detecção de novos casos.

No entanto, o número de casos de AIDS notificados entre jovens de 15 a 24 anos vem aumentando nos últimos tempos. Em 2004, foram notificados 3.419 casos de AIDS nessa faixa etária. Já em 2014, foram 4.669 casos. Quanto à faixa etária, a maior concentração dos casos da doença está entre as pessoas de 25 a 39 anos. Entre o número total de casos registrados no país, de 1980 a junho de 2015, os homens representam a maioria dos infectados com 65%, e as mulheres com 35%.


Como funciona?

A AIDS é o estágio mais avançado da doença que ataca o sistema imunológico e é causada pelo HIV. Como esse vírus ataca as células de defesa do nosso corpo, o organismo fica mais vulnerável a diversos tipos de doenças, desde um simples resfriado a infecções mais graves, como tuberculose ou câncer. Por conta disso, o tratamento dessas doenças fica prejudicado.

Quando ocorre a infecção pelo vírus causador da AIDS, o sistema imunológico começa a ser atacado e, logo na primeira fase, chamada de infecção aguda, ocorre a incubação do HIV – tempo da exposição ao vírus até o surgimento dos primeiros sinais da doença. Esse período varia de 3 a 6 semanas e o organismo leva de 30 a 60 dias após a infecção para produzir anticorpos anti-HIV.

Os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma gripe, como febre e mal-estar. Por isso, a maioria das pessoas infectadas com o vírus demora a perceber que algo esta errado.

A segunda fase é marcada pela interação entre as células de defesa, e as constantes e rápidas mutações do vírus. Mas não enfraquecem o organismo o suficiente para permitir novas doenças, pois os vírus amadurecem e morrem de forma muito equilibrada. Esse período, que pode durar muitos anos, é chamado de assintomático. Com o frequente ataque, as células de defesa começam a funcionar com menos eficiência até serem totalmente destruídas. O organismo fica cada vez mais fraco e vulnerável a infecções comuns. Os sintomas dessa fase são: febre, diarreia, suores noturnos e emagrecimento desenfreado.

A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças oportunistas, que recebem esse nome justamente porque se aproveitam da fraqueza do organismo para atacar. Com isso, atinge-se o estágio mais avançado da doença, a AIDS. Quem chega a essa fase, por não saber ou não seguir o tratamento indicado pelos médicos, pode sofrer de hepatites virais, tuberculose, pneumonia, toxoplasmose e alguns tipos de câncer.

Há alguns anos, receber o diagnóstico de AIDS era uma sentença de morte. No entanto, atualmente, é possível ser soropositivo e ainda ter qualidade de vida. Mas, para isso, é necessário tomar os medicamentos indicados pelos médicos e seguir corretamente as recomendações do tratamento. Descobrir precocemente a doença é outro ponto fundamental para aumentar as chances de conviver com o vírus. Por isso, o Ministério da Saúde recomenda aguardar 30 dias e fazer o exame para diagnosticar uma possível contaminação pelo vírus, sempre que a pessoa for exposta a alguma situação de risco, como ter relações sexuais sem o uso de preservativos ou fazer compartilhamento de seringas.

Arte: Caren godoy - Fonte de dados: Fundação Oswaldo Cruz
Arte: Caren godoy – Fonte de dados: Fundação Oswaldo Cruz

Entenda melhor

Assista ao vídeo do canal do YouTube de Jout Jout Prazer onde o entrevistado soropositivo explica como vive com o vírus, como se protege e explica de maneira simples a diferença entre ser soropositivo e ter aids:


Fator psicológico

Segundo uma pesquisa feita pela Fundação Oswaldo Cruz no ano de 2008, 65% dos 1260 pacientes entrevistados afirmaram o grau de saúde como bom ou ótimo, 27% dos portadores de doenças crônicas avaliaram dessa mesma forma. Porém, quem está em tratamento com o coquetel anti-Aids sofre mais com problemas psicológicos. Entre as soropositivas, 33% afirmam ter grau intenso ou muito intenso de tristeza ou depressão e, 47%, grau intenso ou muito intenso de preocupação e/ou ansiedade. O estudo revela que ainda existe muito preconceito e discriminação em relação ao HIV, já que mais de 20% dos entrevistados relataram ter perdido o emprego após o diagnóstico. Esses são uns dos fatores causadores dos problemas psicológicos.

A psicóloga Gabriele Dib Fernandes diz que o tratamento é justamente no sentido da aceitação e enfrentamento da doença. Dessa forma, o paciente tem mais qualidade de vida emocional e social. Segundo Gabriele, “quando lidamos com doenças que socialmente possuem sinônimo de morte, é preciso além de trabalhar a aceitação da doença e do tratamento da mesma, cuidar da área social. O paciente tende a se excluir e grande parte das vezes entra em depressão”. Já, quando há aceitação da dificuldade a ser enfrentada, o paciente tende a conseguir fazer com que a fase difícil torne-se não mais fácil, mas mais leve.


Questão nutricional

Pessoas que são soropositivo ou que se tornaram aidéticas precisam tomar certos cuidados com a alimentação. É necessário, por exemplo, lavar muito bem as frutas e verduras cruas antes de consumi-las. Alguns pacientes não podem comer de maneira alguma alimentos crus, apenas cozidos, por conta de a imunidade ser baixíssima. Ouça no áudio abaixo algumas dicas dadas pela nutricionista, Mariana Sanvian:

Os sintomas gastrointestinais são comuns no contexto do HIV e da AIDS e as diarreias, em seus diferentes graus de comprometimento, muitas vezes estão associadas a parasitas entéricos. Uma pesquisa realizada pelo Dr Júlio Caleiro, nutricionista, investiga o uso de Vitamina D e probióticos na melhora dos sintomas gastrointestinais de pacientes com HIV e Aids.

O Dr afirma que se o intuito é restaurar uma ótima função imunológica, é importante observar a boa saúde do trato gastrointestinal, pois ele é de extrema importância no sistema imunológico. “Os probióticos são microrganismos vivos que, quando fornecidos em quantidades suficientes, conferem benefícios à saúde. Certas estirpes de probióticos estão associados com a inflamação reduzida e da permeabilidade, ambos os quais são de grande interesse para os pacientes com HIV”, conclui.

Em julho de 2015, teve início mais um estudo clínico sobre os “efeitos imunológicos do uso contínuo de Lactobacillus casei Shirota em pacientes em tratamento supressivo com pobre recuperação de células T CD4+”. O estudo está sendo realizado pelo Dr Esper Kallás, no Instituto Central da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), e quem faz parte são os adultos entre 18 e 60 anos que tomam coquetel, tem carga viral indetectável, e apresentaram CD4 abaixo de 500 nos últimos testes.

 


 

 

Arte: Caren Godoy – Fonte de dados Ministério da Saúde

 

Editado por Fábio Reis

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