Por Felipe Torezim e Guilherme Sawaia
Se dentro de campo o Brasil já não é mais o “país do futebol”, nas arquibancadas os torcedores provam ao contrário. Em 2015, pela primeira vez na história, 12 clubes brasileiros apareceram na lista dos 30 times do mundo com maior número de sócios-torcedores, aqueles fanáticos que pagam uma mensalidade e participam do programa de fidelidade e benefícios do clube. De acordo com o último estudo mundial, realizado em julho, pelo Movimento por um Futebol Melhor, que lista a contagem de sócios-torcedores, o Brasil é o país com mais clubes entre os 30 que lideram o ranking.
Para o torcedor fanático o clube é tudo para ele e qualquer loucura vale a pena para ver o time do coração jogar. Eles fazem a diferença nas arquibancadas, diferente do chamado torcedor comum. Para a psicóloga Sandra Bittencourt: “A diferença do fanático para o torcedor comum é a intensidade. O torcedor comum tem uma visão mais ampla da vida, gosta do futebol e vai no estádio para se divertir e encontrar pessoas, ver um bom espetáculo. O fanático tem uma vida que gira em torno do seu objeto de obsessão. Assim como para o religioso o seu Deus está na sua igreja, para o torcedor o seu Deus está no estádio.”

Se para o fanático vale tudo para ver o time jogar, Fábio Bortolin de Araújo cruzou o país e provou que é realmente maluco pelo time do coração. No ano de 2008, quando o Guarani disputava a série C do brasileirão, a história começa a ser contada. “Eu fui ver Guarani x Rio Branco, no Acre. Então eu peguei um vôo que saiu de manhã de Campinas, parou no Rio de Janeiro, Brasília, em Porto Velho e depois, finalmente, desceu no Acre. Saí de manhã e fui chegar quase meia noite. Chegando lá, encontrei alguns radialistas que estavam indo para o jogo. Dividimos um táxi até o estádio e o Guarani perdeu a partida.”
Mas a loucura não parou por aí. “No dia seguinte, uma sexta-feira, eu peguei o vôo de volta para chegar e fazer prova na universidade. No mesmo dia eu já peguei um avião para Porto Alegre. Lá, de carro, fui para Pelotas. Quando eu cheguei, transferiram o jogo para segunda-feira. Mesmo assim fiquei lá para ver, e o Guarani empatou. Após o jogo, fugi da torcida adversária que queria bater nos bugrinos. Mas pelo Guarani não tem limite. Onde for jogar, dá para ir” – conta Fábio Bortolin de Araújo.

Se tem um louco que cruza o Brasil pelo Guarani, outro viajou o continente para ver a Ponte Preta. Rodrigo Guimarães, neto e bisneto de jogadores que defenderam a macaca, conta que na Sul-Americana de 2013 acompanhou todos os jogos da equipe nas arquibancadas, até a final. “A maior loucura foi ter ido até Pasto, na Colômbia. Peguei um avião para Bogotá, passei um dia lá e desci para a cidade de Pasto, após um vôo conturbado. Essa foi somente uma delas. Outra foi acompanhar 36 jogos de 38 na série B de 2011”. Mas ele garante: “Tudo que se faz pela Ponte Preta tem uma loucura envolvida.”

A Sul-Americana de 2013 criou uma grande expectativa para os pontepretanos. Se a loucura de uns foi a viagem, a de outros foi a consequência que acompanhar o time trouxe. Fabrício Nogueira conta como foi trocar as obrigações pela Ponte Preta.

E por falar em obrigações, há quem expresse o amor pela camisa mesmo durante elas. Maique de Lima sofreu um acidente enquanto trabalhava, mas nem assim deixou o Guarani.
Os 30 maiores:
Apesar do grande crescimento de sócios-torcedores brasileiros, o primeiro time do país que aparece na lista mundial é o Internacional (144.997), que ocupa a 6ª posição, seguido do Palmeiras (127.438) na 7ª e do Corinthians (107.354) na 10ª posição. Confira o top 30 na tabela:

Editado por Caroline Magalhães