Por Caren Godoy
Entre os dias 18 a 21 de setembro de 2015, a Unicamp trouxe para Campinas o primeiro Quantum Game Jam realizado no Brasil. O evento aconteceu na biblioteca do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW), em parceria com o International Game Developers Association, (IGDA Campinas). Essa é uma competição que reúne pessoas de todos os cursos e idades que tenham interesse comum em desenvolver jogos. Para participar, não é necessário ter nenhum tipo de formação ou especialização em jogos digitais, nem mesmo uma equipe já formada com uma ideia de jogo pré-construída. Depois de encontrar um grupo com ideias semelhantes a sua, os participantes têm 48 horas para criar um game. Depois de pronto, é só fazer o upload no site e, dessa forma, pessoas de qualquer parte do mundo terão acesso a sua criação.

O Quantum Game Jam teve sua primeira edição realizada na Finlândia, em 2014, e devido a todo o sucesso e adesão dos desenvolvedores de jogos, os organizadores resolveram criar para 2015 um evento global. Mariana Vasques Moreira, 27 anos, é doutoranda em Física na Unicamp e uma das responsáveis pela divulgação do evento em Campinas. Ela conta que neste ano, principalmente por ser o primeiro Quantum Game no país, teve bastante dificuldade em conseguir a atenção de patrocinadores para ajudá-la a aumentar a divulgação e que, por conta disso, foi extremamente difícil encontrar um local para que a competição pudesse acontecer. “Tivemos que correr muito atrás de um local para acomodar os participantes, e foi muito difícil de encontrar, por falta de suporte e espaço da faculdade mesmo. Pensamos até em desistir, mas por sorte acabamos conseguindo esse espaço na biblioteca de última hora.”

Para Marcelo Rigon, um dos organizadores da sede brasileira do evento e representante do IGDA, é muito vantajoso que competições como essas aconteçam por aqui, principalmente para quem faz algum curso voltado para a área de jogos digitais. Participar desse evento pode agregar bastante valor no currículo: “Quase toda empresa de jogos exige que a pessoa já tenha feito um número mínimo de games para conseguir um emprego na área e as pessoas costumam não terminar os projetos que fazem em tempo livre, chegando ao final do curso sem nenhum jogo lançado. Isso dificulta bastante a entrada dessa pessoa no mercado de trabalho”. Segundo ele, por esse motivo, os games jams são tão importantes, pois embora sejam bastante intensos e cansativos, eles ajudam o estudante a focar completamente em seu projeto por pelo menos um final de semana e concluí-lo, tornando o game publicável.
Para esse ano, três equipes se inscreveram na competição. Dentre os participantes estava Bruno Gazzoni, 22 anos, estudante de Música na Unicamp. Ele conta que achou a experiência muito interessante. “Quando eu vi essa oportunidade de trabalhar com físicos e com os engenheiros de computação pra fazer uma coisa séria e que pode ajudar a divulgar pedagogicamente esses conceitos de física quântica e afins, mas num sentido de jogo, eu achei sensacional e não tive como não querer participar”.
Ainda segundo o organizador da sede brasileira de Quantum Game Jam, Marcelo Rigon, a intenção é aprimorar cada vez mais essa competição. Para ele, grandes passos já foram dados e os competidores se mostraram muito empolgados com essa oportunidade, que surgiu através de uma parceria que parece ter dado muito certo: “Eu já estava com algumas ideias de montar uma Game Jam educacional por aqui para quebrar o paradigma de que jogo educacional é algo chato. Ao mesmo tempo, o pessoal da Física me procurou, através da Mariana Vasques, para mostrar essa iniciativa da Finlândia de fazer Games Jams de Mecânica Quântica em sedes ao redor de todo o globo, e eu aceitei o desafio de trazer esse evento para Campinas junto com ela”.

Editado por Izabela Eid