Número de Jovens Fumantes diminui para 19,6% desde 2009

Por Caren Godoy e Izabela Eid

O Ministério da Saúde anunciou em maio de 2015, que o índice percentual de fumantes no Brasil caiu 30,7% nos últimos nove anos. Segundo dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico de 2014, 10,8% da população no país é de fumantes, número promissor se comparado ao ano de 2006, no qual o índice chegava a 15,6%.

O hábito de fumar é mais comum entre os homens, 12,8%, do que entre as mulheres (9%). A faixa etária que mais consome cigarros é de pessoas entre 45 a 54 anos (13,2%) e a que menos fuma são jovens de 18 a 24 anos (7,8%). Outro número positivo é o da queda de adolescentes  entre 13 e 15 anos que experimentam o cigarro, que em 2009 era de 24,2%, e em 2012 caiu para 19,6%.

Infográfico com dados do Ministério da Saúde. Imagem Caren Godoy
Infográfico com dados do Ministério da Saúde. Imagem Caren Godoy

A adolescência é a fase da vida que apresenta como características marcantes a busca pelo conhecimento, o aprendizado através de experiências, o gosto pela aventura, o juízo crítico pelo questionamento e a rebeldia contra os valores pré-estabelecidos pelos adultos. É nesse período que tudo que nos foi passado e ensinado é reinventado, isso inclui os mitos, crenças e modo de agir.

Segundo a psicóloga Edilene Souza Domingos, as questões que envolvem e estimulam esse comportamento podem ser sentimento de pertencimento ao grupo social, influência de pessoas que admiram, tendência pessoal de experimentar coisas o ambiente familiar, muitas vezes o pai ou a mãe são fumantes e acabam passando a imagem de que fumar é bom, ou não tem problema. A psicóloga ainda diz que geralmente os jovens não procuram voluntariamente a terapia para pararem de fumar, “Nesse momento da vida deles não é uma questão que os incomoda, eles vem para a terapia por outras questões. A preocupação da família está mais ligada ao uso da maconha, porém muitas vezes a família não sabe”.

A psicóloga Edilene ressalta que quando falamos em vício, nem sempre o jovem está preocupado em parar, acha normal e não prejudicial, não por falta de informação mas prazer no ato de fumar e não quer abrir mão desse prazer. É o caso de uma fumante de maconha, aluna da PUC-Campinas, que não quis ser identificada. A estudante conta que fuma há três anos, e que sempre teve vontade de experimentar e decidir por conta própria se gostaria da droga ou não.

Confira a seguir um trecho da entrevista com a aluna que diz não querer parar de fumar:

O pneumologista Dr. Celso da Silveira alerta para os riscos que as substâncias químicas presentes no cigarro podem causar na saúde dos fumantes a longo prazo, “O tabagista tem tendência a ter problemas na garganta que podem acarretar em um câncer de esôfago ou de pulmão, mas muitos tem câncer no intestino, na bexiga”. Segundo o pneumologista o tabagista ao longo da vida ainda pode ter consequências indiretas como problemas hepáticos, de coagulação, problemas vasculares, fora os mais comuns que são bronquite crônica e asma por conta da grande perda de massa pulmonar sofrida durante os anos, “A partir dos 20 anos nós perdemos cerca de 30 ml de massa pulmonar por ano, o tabagista perde cerca de 60 ml por ano”.

Confira no vídeo abaixo o Dr. Celso da Silveira explicando um pouco sobre a dificuldade do tabagista ao parar de fumar:

Pedro Siqueira é fumante, tem 22 anos e também é aluno da PUC-Campinas. Pedro começou a fumar na adolescência, aos 17 anos, e escondeu dos pais por um bom tempo, apesar de ambos também serem fumantes e terem aceitado bem o vício do filho. “Fui movido pela curiosidade, eu via as pessoas fumando e gostava do gesto, da introspecção que elas passavam e resolvi começar” conta Pedro, que há alguns meses está parando com o vício.

Confira parte da entrevista com o aluno Pedro Siqueira onde conta os motivos pelos quais quer parar de fumar:

Muitos jovens não sabem o motivo pelo qual fumam, muitos dizem que simplesmente gostam, são viciados e é difícil parar com o hábito. Conforme o Dr Celso da Silveira disse em entrevista, “É um ciclo vicioso, qualquer coisa pode ser um motivo para voltar a fumar: o estresse, a ansiedade, problemas pessoais.” Nícholas Calixto é fumante e diz querer parar de fumar algum dia, mas que por enquanto pretende continuar com o vício, “Eu gosto de fumar, quando eu quero não penso, mas sei que um dia vou parar”.

Já o amigo de Nícholas, que não se identificou, diz que o maior problema é o hábito, e por não querer de fumar agora, prefere não contar para os pais. “Eu não sei por que fumo, é o vício, o hábito” conta o estudante.

Confira o áudio do aluno de comércio exterior:

Segundo o site G1 entre 2013 e 2014, foram gastos R$ 41 milhões para a compra de medicamentos utilizados no tratamento contra o tabagismo no Brasil. Isso porque o governo quer chegar a 9,1% de fumantes até 2020. E mesmo com tratamentos de graça e com o dinheiro gasto com propagandas e projetos contra o tabagismo, muito jovens ainda fumam tendo essa consciência, como os entrevistados acima. O motivo, eles muitas vezes não sabem explicar, mas gostam de ter o hábito.

 

Editado por Caroline Magalhães

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