Por Carolina Dias
Elas são invisíveis e existem abaixo do nível de consciência, mas influenciam diretamente a vida das pessoas. Essas são as crenças. Raramente são reconhecidas, examinadas ou até mesmo entendidas. Essas crenças, construídas desde criança, podem capacitar, prejudicar ou atrapalhar o bom desenvolvimento da vida, como explica a psicóloga Sandra Trinca.
“Desde muito pequeno nós sofremos a influência das pessoas que vivem ao nosso redor, das situações que vivemos no dia-a-dia e, dessa forma, tomamos modelos mentais que, nem sempre, correspondem a realidade. Todas as crenças que são absolutas, nos limitam. A gente sempre tem que ter a condição de repensar. O radicalismo sempre é muito ruim e as crenças chegam a isso. Ao mesmo tempo que existem as crenças limitantes, existem as crenças que nos fazem transpor as situações difíceis do dia-a-dia”.
Jeff Davis é formado em Biologia e sempre lutou pelas causas animais. Para ele, o veganismo vale para a alimentação, vestuário, entretenimento e até emprego. Jeff trabalhou por 4 anos como analista de laboratório do Hospital Boldrini e se demitiu ao descobrir que os produtos que utilizava eram de origem animal. A decisão de se desligar do Hospital Boldrini foi fácil, difícil mesmo foi conseguir um novo emprego. Quando recebeu a resposta de um concurso público para técnico de enfermagem, não pensou duas vezes.
“Mesmo ganhando metade do salário do concurso público em relação ao que eu ganhava no Boldrini, eu não me arrependo de nada. Muito pelo contrário, estou extremamente feliz no meu novo emprego”, afirma Jeff.

É difícil que todos os pontos de vista e as crenças da empresa batam com as das pessoas. Para evitar esse desconforto, a psicóloga, Sandra Trinca, acredita que é preciso haver uma abertura para novos pontos de vista.
“Tem que haver um ajuste para que eu possa achar um equilíbrio entre as minhas crenças e o que é possível desenvolver dentro da empresa. Se, de fato, os pontos de vista são tão opositivas, fica indiscutível que eu não posso estar trabalhando em um lugar onde eu não acredito”.
Ainda segundo a psicóloga, é difícil mudar uma crença, mas não é impossível. Conforme você coloca as crenças á prova e conclui que elas não são reais, você começa a repensar e, consequentemente, mudar o comportamento. Este é o caso do estudante e analista de imagens, Marco Aurélio Junior. Ele era mórmon e após anos se dedicando exclusivamente a religião, resolveu se afastar.
“São várias coisinhas que me fizeram pensar: Será que isso está correto? Será que deixar de fazer um monte de coisas é realmente o certo? Será que, de fato, Deus existe? Foi uma série de perguntas e de questionamentos. E foi uma coisa que eu decidi, diferente de muitas pessoas que saem da Igreja simplesmente porque querem curtir a vida. Eu fui mesmo pelos princípios que eu não concordava. Hoje em dia eu me sinto uma pessoa muito mais feliz, me sinto muito mais eu mesmo”.

Editado por Bárbara Pianca