Com a popularização dos sites de busca, bibliotecas se modernizam para atrair público

Por Fernanda Lagoeiro

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Acervo da biblioteca municipal Professor Manoel Zink, em Campinas. (Foto: Fernanda Lagoeiro)

Ir à uma biblioteca pública, ler, pesquisar, levar o livro para casa – você provavelmente deve ter feito isso na infância. Porém, com a popularização da internet, dos sites de busca (como os sites Google, Wikipédia etc) e das mídias sociais, essa prática virou raridade para a maioria das pessoas.

Segundo dados da Secretaria de Estado da Cultura, o movimento nas bibliotecas de Campinas caiu cerca de 30% entre 2010 e 2014, de 42 mil usuários para 29.400.

Afinal, quem frequenta as bibliotecas atualmente?

O público de uma biblioteca atualmente é formado, em sua maioria, por segmentos: nas bibliotecas de Campinas, por exemplo, o perfil predominante é de pessoas entre 25 e 50 anos. Ainda de acordo com a Secretaria de Estado da Cultura, enquanto as mulheres são as que mais realizam pesquisa e empréstimo de livros, os homens lêem mais (principalmente jornais) e utilizam mais a rede wi-fi.  Esses homens e mulheres normalmente são pessoas “tradicionais”, ou seja, adultos que trazem esse costume desde o período da adolescência, quando a biblioteca era focada quase que exclusivamente em fins escolares. É o caso de Edson Gomes, de 54 anos, que frequenta diariamente a biblioteca. “A biblioteca é um ótimo ambiente, super silencioso. Acho que, apesar de a internet ser rápida, nada substitui um livro. É como o jornal, eu posso até ler na internet, mas sou de uma geração de pensamento mais crítico. Gosto de pegar, comparar os diferentes pontos de vista”, diz.

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Perfil de quem frequenta a biblioteca na atualidade. (Arte: Fernanda Lagoeiro)

Entretanto, as bibliotecas também estão se atualizando, a fim de atrair mais público. Muitas delas já implantaram redes wi-fi, realizam eventos diferenciados e até dispõem de novos recursos digitais, como livros disponíveis em pdf, empréstimos de e-books e e-readers. E isso inclui também as bibliotecas infantis, que cada vez mais precisam de livros interativos para atender às necessidades das crianças.

A biblioteca Pública Municipal Professor Ernesto Manoel Zink, em Campinas, foi reformada em 2007 e a partir daí, começou um processo de modernização. Atualmente, ela dispõe de um tele-centro aberto ao público (com 15 computadores para acesso à internet gratuita), rede wi-fi, uma sala de livros em Libras, uma Gibiteca (com livros, histórias em quadrinhos, mangás e livros de ficção atuais) e alguns livros universitários a mais no acervo.

Além disso, está promovendo eventos diferenciados, como exposição com artistas gráficos de ilustração de livros infantis, festivais de histórias em quadrinhos e saraus de literatura e ficção, com escritores e declamadores da Academia Campinense de Letras. “A recepção desses eventos tem sido muito boa, e estamos realizando uma vez por mês. Atrai muito público, os jovens participam e depois trazem os amigos para conhecer a biblioteca”, conta João Cuelba, Bibliotecário chefe da Biblioteca Municipal. E foi assim que Felipe Cardoso começou a freqüentar a biblioteca. O avô costuma ir uma vez por semana, e, fã de histórias em quadrinhos, o menino de 13 anos ao acompanhar o avô acabou virando fã da Gibiteca: “Leio mais HQs, mas livros didáticos também”, conta. Quando perguntado sobre o que os amigos acham de ele frequentar tanto a biblioteca, ele diz: “Apesar de não ser tão divulgado, todo o conhecimento que você precisa está aqui, e o ambiente é bom, silencioso, e o conteúdo é mais exato. As pessoas reclamam que não têm educação suficiente na escola, mas se tivessem boa vontade de vir pra cá, aprenderiam mais”.

Apesar de a biblioteca ainda ter os seus problemas, como horário e acervo ainda restritos (ela funciona diariamente até as 17h, não abrangendo o horário comercial), e de ainda dispor de recursos digitais limitados se comparados à outras bibliotecas, João Cuelba conta que a expectativa é melhorar e conquistar mais público. “Pretendemos instalar um software cedido pela Embrapa, para catalogar todos os livros disponíveis para as pessoas consultarem online”, diz. E os planos não acabam por aí: a Biblioteca vai retomar a sua divulgação pelas redes sociais e planejar um curso de “Como pesquisar corretamente na internet”, que será lecionado gratuitamente no tele-centro.

Confira agora essa matéria em áudio, feita para o Projeto Repórter Estudante, da CBN Campinas:

Editado por Bárbara Pianca

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