Por Danilo Christofoletti e Vinicius Tavares
A morte do universitário Humberto Moura Fonseca, de 23 anos, em uma festa em Bauru, em março desse ano, após a ingerir 25 doses de vodca, não é uma situação tão incomum no país. Dados levantados pelo jornal O Estado de S. Paulo mostram que, a cada 36 horas, um jovem brasileiro morre de intoxicação aguda por álcool ou de outra complicação decorrente do consumo exagerado de bebida alcoólica.
De acordo com informações do Ministério da Saúde, foram registradas em 2012, ano do último dado disponível, 242 mortes na faixa etária dos 20 aos 29 anos, causadas por “transtornos por causa do uso de álcool”, conforme definido na Classificação Internacional de Doenças (CID).

Considerando todas as faixas etárias, o número de mortes causadas pelo álcool chegou a 6.944 em 2012, quase o dobro do registrado em 1996,o primeiro já registrado.Naquele ano, foram 3.973 óbitos associados ao consumo exagerado de bebida. No período, a alta no número de mortes foi de 74%. Isso desconsiderando consequências como cirrose ou acidentes de carro causados por embriaguez.
Uma pesquisa da Unifesp mostra que, entre os brasileiros que consomem álcool, o hábito de beber pelo menos cinco doses de bebida em um período de duas horas, cresceu de 45%, em 2006, para 59%, em 2012. “Esse abuso é mais comum entre jovens, porque nessa faixa etária é realmente mais difícil controlar os impulsos, além de fazer parte de certa demonstração de força, de marcação de território. Por isso não se pode culpar a vítima ou os pais, faz parte do desenvolvimento humano”, defende Norma Missono, psicóloga especializada em comportamento de jovens e adolescentes.
Estudante de Física na Universidade de São Paulo (USP), de São Carlos, Guilherme Murbach Caes diz que o fácil acesso à bebida colabora para o consumo exagerado e conta ter parado de consumir em excesso após um intercâmbio. “É normal beber quando se é bixo (com “x” mesmo, denominação de calouros). Os veteranos passam com as garrafas e oferecem, aí não tem como não beber”, conta.
Caes ainda acrescenta que o cenário pode ser ainda pior devido aos motivos que envolvem a comercialização de bebidas nestas festas, “a situação nunca vai mudar enquanto as festas universitárias forem patrocinadas por empresas do ramo da produção de cerveja. Cria-se todo um contexto para consumo do álcool em larga escala”.
De acordo com o médico José Gonzaga Teixeira, quanto mais cedo você começa a ingestão da bebida, mais difícil é largar o hábito no futuro, por que o Álcool afeta o núcleo de prazer do cérebro. Dessa forma o corpo se condiciona a buscar formas cada vez mais agressivas de prazer, podendo gerar vicio em outras drogas, sexo e até mesmo o chocolate.
Confira mais depoimentos de universitários e a explicação de um médico especialista sobre os efeitos do álcool no organismo, no áudio abaixo:
P.A.R.T.Y.
O programa P.A.R.T.Y. – Prevenção do Risco de Trauma Relacionado ao uso de Álcool na Juventude, foi iniciado no Centro de Ciências da Saúde de Sunnybrook – Canadá, em janeiro de 1986 com a ajuda da enfermeira Joanne Banfield.
O Programa foi moldado e desenvolvido primeiramente por membros da equipe de trauma do Hospital de Sunnybrook, onde o índice de acidentes de adolescentes mortos ou gravemente feridos em batidas era alto.
Desde o primeiro P.A.R.T.Y, em 1986, o programa tem apresentado certo crescimento. Atualmente ele é difundido em todo o Canadá e já se expandiu para outros países como: Austrália, Brasil, Japão, Alemanha e Estados Unidos, tendo mais de um milhão de jovens conscientizados; Inclui mais de 100 sites ao redor do mundo e continua a crescer e desenvolver-se tanto no Canadá quanto internacionalmente.
Em função da situação precária da doença em nosso país e da pouca atenção à prevenção primária, a SBAIT (Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado) implantou o Programa P.A.R.T.Y. Brasil.
Esse programa busca a prevenção primária do trauma em jovens prestes a obter a Carteira Nacional de Habilitação, CNH. O modelo a ser seguido é utilizado em todo o mundo e seus resultados são reconhecidos pela comunidade científica internacional.
As atividades do Programa P.A.R.T.Y. serão realizadas em auditórios e nos Hospitais de Trauma com um grupo de 40 alunos do ensino médio de escolas públicas ou privadas, com idade entre 15 a 17 anos, acompanhados por um professor responsável.Nas atividades serão realizadas atividades teóricas, dinâmica e visita à sala de trauma, enfermaria e Unidade de Terapia Intensiva, além profissionais dos bombeiros, SAMU, e área médica vão até as escolas para conscientizar os jovens.
Editado por Karina Danielle