por Bárbara Cardozo
Nunca se casou tanto no estado de São Paulo – pelo menos, nas últimas três décadas – de acordo com informações do Boletim SP Demográfico, elaborado pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e divulgado no último dia 15 de abril. O estudo divulga e analisa as estatísticas relacionadas aos 280.336 casamentos oficializados no estado em 2013. Foram, em média, 768 uniões legais por dia, 25 eventos diários a mais do que no ano anterior.
O relatório da fundação justifica esse aumento no número de casamentos registrados com três motivos principais: as facilidades legais e administrativas para a obtenção do divórcio, que possibilita também novas uniões legais; a intenção dos casais em tornar a união consensual em casamento civil, possibilidade garantida pelo atual Código Civil, e, por fim, os incentivos decorrentes dos programas de casamentos coletivos – que diminui e, em alguns casos, até eliminam os custos com que os noivos teriam que arcar para a cerimônia.
Segundo os dados divulgados, houve um aumento na idade média com que tanto homens quanto mulheres se casam. As mulheres se casam com 30 anos, enquanto os homens esperam até os 33 para assumirem um compromisso mais sério. Apesar de esses dados sugerirem que a maioria dos casais heterossexuais são compostos por homens mais velhos do que as mulheres, houve também um aumento significativo no número de casais em que os maridos são mais novos do que suas companheiras – 25,3% das uniões oficializadas no período mostram que essa nova configuração familiar é uma tendência.
O estudo mostra, também, que os casais homoafetivos começam a conquistar espaço nas estatísticas oficiais depois que o Supremo Tribunal Federal (STF), em 2011, reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo e, em 14 de maio de 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou a Resolução n. 175, que obriga todos os cartórios do país a celebrar casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Para festejar esses avanços, 1.966 uniões homoafetivas foram oficializadas em 2013, 0,7% do total registrado no período. A maioria das uniões homoafetivas registradas foi entre casais do sexo feminino, que representam 53,5% desse total.
A data preferida dos noivos para oficializar a união também tem sofrido mudanças. Por muitos anos, o mês queridinho entre os casais era dezembro e os dias de agosto eram rejeitados para a celebração do casamento. Em 2013, essa realidade mudou e fevereiro roubou o posto de agosto e passou a ser o mês com menos registros de novas uniões oficializadas. Já as datas de novembro são as mais disputadas pelos casais e o mês concentrou 12% das uniões oficiais registradas no ano. Para casais do mesmo sexo, os meses do segundo semestre do ano foram os preferidos.
A recepcionista Tainá Coelho de Souza e o seu marido Henrique Caramano de Souza comemoraram Bodas de Algodão dois dias atrás e são um dos 280.336 casais que fazem parte das estatísticas da Fundação Seade. Namorados desde 2009, quando se conheceram na igreja que frequentavam, eles resolveram oficializar a união em 2013 depois de muito tempo esperando ansiosos por esse dia. “Nosso objetivo desde o começo era casar, até por que somos cristãos e nossa família toda também. Foi a melhor coisa que eu fiz na minha vida”, comentou Tainá. E, esse ano, Tainá e Henrique vão contribuir para outro dado estatístico oficial: a taxa de natalidade do IBGE. Tainá contou para a equipe do Digitais que, no ano que vem, quando ela e o marido estiverem celebrando Bodas de Couro, um novo membro da família vai estar fazendo parte desse momento especial.
A recepcionista Tainá Coelho de Souza e o seu marido Henrique Caramano de Souza comemoraram Bodas de Algodão dois dias atrás Foto: Jarder Morais