Por Amanda Bruschi
Muito se discutiu nesse domingo (8) sobre o Dia das Mulheres e os desafios que elas ainda enfrentam. Ainda falando sobre as mulheres, dessa vez a notícia é boa: dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo apontam que houve uma redução de 10%, comparando os meses de janeiro de 2014 e 2015. No ano passado, foram registrados ao todo 12.651 casos de agressão contra as mulheres, dentre eles, lesão corporal dolosa, maus tratos, calúnia – difamação – injúria, constrangimento ilegal e ameaça. Neste ano, o número caiu para 11.516 casos.

O Dia das Mulheres é lembrado com buquês de flores, gentilezas, embora existam números tão altos em relação à violência contra elas. Todavia, ainda há quem mantenha o espírito de reconhecimento o ano todo. Para o aposentado Nelson Pereira, por vivermos em uma democracia, deveríamos ter a igualdade salarial entre homens e mulheres. “As mulheres hoje em dia trabalham tanto quanto os homens e ainda cuidam da casa, dos filhos e dos parceiros. Portanto merecem todo nosso amor e gratidão pela vida boa que nós ajudam a ter. Ajudo no que for possível, lavo pratos e até ajudo na faxina”.
Para o casal Antônio e Suzana Mariani, a divisão de tarefa e a gentileza não fica restrita às datas comemorativas. “Pra mim, o Dia das Mulheres é só uma data comemorativa. É um dia que nós homens lembramos da importância das nossas mulheres. Mas eu procuro ajudá-la sempre. Hoje, por exemplo eu a levei pra almoçar.” conta Antônio. “Ele apoia a divisão de tarefas, e não foi só hoje que teve essa gentileza. Ele me ajuda sempre.” completa Suzana.
A força da luta do “sexo frágil”
A primeira data oficial sobre o Dia Internacional da Mulher ainda é incerto. Há diversas versões e contradições na bibliografia histórica. Alguns dizem 1907, outros 1911, mas o fato é que a luta pelos direitos das mulheres começou a tomar força no final do século XIX, em um contexto onde a jornada de trabalho de 15 horas começou a gerar revolta.
Em 1910, na Dinamarca, durante a 2ª Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, Clara Zektin, membro do Partido Comunista Alemão, propôs a criação de um Dia Internacional da Mulher. Essa proposta surgiu da ascensão do feminismo e das correntes revolucionárias de esquerda, como o comunismo e o anarquismo.
Mas o 8 de março que conhecemos hoje se consolidou no ano de 1917, na Rússia, por conta de uma manifestação de 90 mil operárias contra o Czar Nicolau II. Elas reivindicavam melhores condições de trabalho e protestavam contra a fome e a guerra. Apenas quatro anos depois, em 1921, é que a data foi oficializada como Dia Internacional da Mulher, embora sendo reconhecida pelo ONU apenas em 1977.
No Brasil, a primeira grande conquista feminina foi em 1932, quando Getúlio Vargas incluiu na Constituição do mesmo ano, o direito ao voto feminino. Nos anos 70, sugiram organizações que passaram a pautar discussões em torno da igualdade entre gêneros, sexualidade feminina e saúde da mulher. Em 1982, foi criado o Conselho Estadual da Condição Feminina em São Paulo, e em 1985, criada a primeira Delegacia Especializada da Mulher.
Para o professor de História e Filosofia e escritor Vladimir Miguel Rodrigues, o dia 8 de março possui uma ampla simbologia: “É dia para lembrar que a sociedade ocidental foi criada a partir de dois pilares, o do machismo e do racismo. Para o último temos a ‘Consciência negra’, para o 8 de Março temos o ‘Dia Internacional da Mulher’. Esta data sempre será necessária enquanto existirem diferenças entre homens e mulheres em todos os campos. Seja na participação política, no gerenciamento das empresas, no salário diferenciado, nas oportunidades diferenciadas de cada dia e, principalmente, na violência doméstica”.
Embora o restante do século tenha sido cheio de conquistas, como o direito ao voto, o surgimento do movimento feminista nos anos 60, nós mulheres ainda temos um caminho bastante extenso para percorrer. Vladimir acha que muito ainda deve ser feito, e complementa: “Sendo assim, é um dia para repensarmos no papel da mulher na sociedade e lutarmos para o fim de tabus, seja através de conscientização ou de políticas públicas que coíbam qualquer tipo de preconceito de gênero e, ao contrário, celebrem a igualdade de oportunidades”.
Fonte de pesquisa: http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/8-marco-dia-internacional-mulher-genero-feminismo-537057.shtml
http://www.brasilescola.com/datas-comemorativas/dia-da-mulher.htm
Editado por Bruna Gomes