Por Carolina Barboza

A falta de chuva combinada à economia estagnada são alguns dos entraves enfrentados pelo setor de floricultura no Brasil. No interior de São Paulo, vendedores do maior Mercado Permanente de Flores e Plantas Ornamentais da América Latina, o Ceasa (Centrais de Abastecimento de Campinas), sentem os impactos do clima e da economia pesarem sobre as vendas. “Tem gente, mas as pessoas estão comprando um vasinho ou dois. Elas estão vindo passear, conhecer o mercado e planta é luxo nessa cidade”, afirma o vendedor Ronaldo José de Souza, que trabalha há sete anos no setor.
Souza prevê aumento de 15 a 20% no produto e atribui o avanço ao repasse da alta do diesel e da falta de água. “Quem é produtor não quer vender, está segurando a venda, e as floriculturas aguardam para saber qual será o repasse dos impactos”, explica. O vendedor Marcos Van Flores reajustou os preços em função da baixa disponibilidade de água: “Não tem muita água para manter a flor e a que tem fica cara”.
Em relatório divulgado em janeiro deste ano, o presidente do Ibraflor (Ibraflor Instituto Brasileiro de Floricultura), Kees Schoenmaker, teria apontado as consequências dos problemas enfrentados pelo setor. “A não ser que chova muito nos próximos quatro meses, parece inevitável que faltará água para o consumo e também para gerar energia. Além da ameaça de ter que interromper (parte) da sua produção, o produtor não consegue avaliar como o consumidor reagirá em relação à compra de flores e plantas se ele (consumidor) está enfrentando corte de energia e água na sua residência”, disse em relatório.
Com a distribuição irregular de flores devido ao estresse hídrico sofrido pelas flores do campo, a vendedora Michelle Artuzi relata ter recebido flores com menor quantidade de água dentro das caixas onde são transportadas e comercializadas. Já a decoradora e proprietária de uma floricultura em Campinas, Iza Anjos, comenta que a menor oferta e os preços mais elevados são consequência, em parte, da redução na disponibilidade do produto em função da falta de irrigação das flores. “Não está sendo fácil, mesmo porque fechamos os eventos um ano antes e não contávamos com esta seca”.
Além dos preços salgados atraírem menos consumidores finais, o vendedor Ronaldo José de Souza também observa a menor disposição das floriculturas negociarem o produto. “Se a floricultura não vende, consequentemente a gente não vai vender. É uma bola de neve. A floricultura ajuda muito a escoar o produto no mercado”, resume.
Editado por Willian Sousa