Por Priscilla Geremias
16 milhões de brasileiros acessam a internet enquanto assistem televisão, aponta o estudo Social TV desenvolvido pelo IBOPE Media. Esse fenômeno também chamado de “segunda tela” vem se consolidando no Brasil. O estudo compreende os hábitos entre os que consomem conteúdo televisivo em diferentes plataformas.
A pesquisa aponta que, embora a troca de mensagens por meio dos comunicadores seja a principal atividade online destes indivíduos simultâneos, 38% desses consumidores fazem comentários nas mídias sociais sobre os programas que estão assistindo na TV, um aumento absoluto de 136% em relação a 2012, quando o IBOPE Media divulgou a primeira pesquisa sobre o tema.
Os fatos engraçados geralmente são os mais comentados – 64% dos paulistas e cariocas acreditam que esse tipo de episódio é o que mais gera repercussão, seguido dos eventos polêmicos (44%) e trágicos (25%). Além desses fatos, atualmente as postagens na internet são simultâneas com o que está passando na televisão. Os finais de capítulo de novela, a partida de futebol, o debate político, o reallity show, tudo vira comentário e meme- termo para descrever o que se espalha via internet.
Segundo Robson Bertolino, assessor de imprensa do IBOPE Media “de forma geral, o público feminino e os jovens se mostraram mais propensos a realizar atividades simultâneas que envolvam a sociabilização e o entretenimento”.
A televisão ainda é o principal meio de consumo de informações de 95% das pessoas, segundo o IBOPE Media. Mas, com o crescimento do uso da internet simultaneamente as emissoras de televisão tem se apropriado do fenômeno da segunda tela. O repórter do Youpix– site que discute a cultura da internet- Pedro Katchborian diz que “são vários os programas de TV que a gente vê os comentários do Twitter na tela, pra mostrar o que a galera tá comentando. Mas isso deve ser mais explorado, ainda tem muita emissora que é conservadora e não soube se adaptar direito”.
Mas será que usar duas telas compromete ou favorece o nível de informação que o público recebe? Sobre isso Katchborian afirma que não é possível dizer que o público fique mais informado usando dois meios de comunicação ao mesmo tempo. “Acho que ele tem mais acesso às informações. E não isso necessariamente vai deixá-lo mais informado. Como na internet qualquer um produz conteúdo e boatos se espalham de maneira muito rápida, a credibilidade de informação ainda é muito questionada. Você pode ficar mais informado, é claro. A TV tem um conteúdo extremamente limitado se comparado à internet. Mas ainda estamos engatinhando no sentido de saber filtrar informações na web” afirma.
Os dados das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, mostra que das pessoas que comentam sobre um determinado programa durante sua transmissão 65% são mulheres e 66% delas estão na faixa dos 10 a 29 anos de idade.
O estudante Felippe Guirau, de 20 anos, faz parte dos 99% dos jovens que acessam a internet todos os dias, “geralmente acesso a internet ao mesmo tempo que vejo TV, também faço comentários nas redes sociais sobre os programas que estou vendo, mas na maioria das vezes fico lendo os comentários dos meus amigos”.
O estudo aponta que 80% do público que faz comentários enquanto assiste à TV já trocou de canal ou ligou a televisão para ver um programa que foi sugerido ou comentado em uma mensagem que recebeu pela internet. “Eu já estava assistindo um determinado programa e mudei para outro por ler comentários positivos sobre o outro programa”, diz Felippe.
Essa relação direta entre as mídias sociais e televisão já é realidade. Visando isso o IBOPE Media e o Twitter anunciaram uma parceria estratégica recentemente,que a partir do IBOPE Twitter TV Ratings (ITTR) poderá compreender de forma objetiva os impactos dessas interações online, principalmente o uso das hashtags, na audiência televisiva no Brasil e na América Latina.
Editado por Fabiana Oliveira
Digitais PUC-Campinas 