por Nathani Mota

Provavelmente, você está lendo essa notícia usando os navegadores Google Chrome, Firefox ou até mesmo Internet Explorer. Porém, as pessoas mais preocupadas com a vigilância e espionagem online devem estar lendo essa notícia usando o navegador Tor, ferramenta para navegar na web de forma anônima.
Tor é uma sigla para “The Onion Router”, que poderia ser traduzido como “o roteador cebola”. A ferramenta permite rotear o tráfego na web através de diversos computadores da rede Tor para a parte do outro lado da conexão não conseguir rastrear o tráfego de volta até você. O software funciona como uma cebola criando séries de camadas para esconder a sua identidade do resto do mundo. Desta forma, quanto mais usuários usam o software, mais protegida é a sua informação. (Confira como funciona no infográfico abaixo).

Atualmente, o sofware é utilizado de forma constante por uma média de 2,6 milhões de usuários situados em todas as partes do mundo que utilizam-o para impedir que sites rastreiam sua atividade online.
Mas apesar do Tor Project defender que pessoas comuns usam a ferramenta para se proteger, o software é conhecido por ser a principal porta de entrada para o lado obscuro da internet, chamado de deep web ou Internet2, onde fóruns sobre canibalismo e necrofilia são situações comuns.
Por isso, o Prof. Dr. Anderson Rocha, do Instituto de Computação (IC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) alerta que a sensação de anonimidade pode ser perigosa, porque da mesma maneira que você navega anonimamente, outras pessoas utilizam dessa situação para a prática de crimes. “Você pode ter um pouco mais de anonimidade, mas como não é uma internet regulada você pode ter vários problemas depois”, afirma.
Independente da fama sangrenta, os downloads do software duplicaram no último ano e alcançaram a marca de 150 milhões. Rocha acredita que as revelações feitas por Edward Snowden sobre a vigilância global feita pelo Governo dos Estados Unidos em 2013 refletiu diretamente na popularização do Tor, “manifestações desse tipo criam uma consciência coletiva a respeito de vários aspectos que a população não tem ciência”, explica.
Dessa forma, aplicativos que garantem comunicação anônima entre os usuários também se proliferaram, como o Whisper criado em 2012, o Yik Yak e Secret, criados em 2013. Mas o Professor da Unicamp defende que as responsabilidades dos indivíduos também devem se estender ao universo anônimo, “o Estado tem que garantir o seu direito de privacidade e liberdade online, mas o direito de se manisfestar termina quando eu agrido o direito do outro”. O aplicativo Secret, por exemplo, já foi proibido nas lojas de aplicativos brasileiras pela Justiça do Espírito Santo por causa dos casos de bullying online.
Editado por Priscilla Geremias