Por Caroline Roque
Atualizado em 17/10/2014 às 11h20 e em 31/10/2014 às 13h15
Passando pela crise hídrica mais impactante dos últimos 80 anos, cidadãos do Estado de São Paulo investem cada vez mais, em soluções e alternativas à falta de água. Uma delas, é a água de reuso.

Resultado do tratamento de esgotos municipais, por meio de tecnologia conhecida como membrana filtrante, a água de reuso possui 99% de pureza após passar pela remoção de vírus, bactérias, sólidos e nutrientes. Esta água não é destinada para consumo humano nem para sedentação animal, ela só pode ser usada por empresas, para regar canteiros e lavar vias públicas, por exemplo, uma vez que não há legislação que autorize a utilização para abastecimento público.
Para que possa ser usada para consumo humano ela deve passar por cloração (adição de cloro), porém este processo não seria tão simples. Atualmente a Sanasa, empresa de saneamento de Campinas, é a pioneira na América Latina a implantar uma Estação Produtora de Água de Reuso (EPAR) com o uso da tecnologia de ultrafiltração.
Na última quinta-feira (30) a empresa, juntamente com o prefeito de Campinas, Jonas Donizette, anunciou uma série de medidas que serão adotadas com a finalidade de minimizar os efeitos negativos da crise. Uma delas é a mudança da concepção da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Anhumas, de forma a transformá-la em uma estação produtora de água de reuso.
Dessa forma, Campinas se torna a primeira cidade do país a produzir água de reuso para abastecimento domiciliar. O investimento será de R$ 102 milhões, parte dele bancado pelo Aeroporto Internacional de Viracopos. Esta água será devolvida aos rios Capivari e Atibaia, posteriormente captada, tratada para se tornar potável e será distribuida.

“Além dos benefícios ambientais, a utilização da água de reuso proporcionará uma redução considerável no consumo de água potável”, afirma a empresa. Desde agosto deste ano, a Sanasa passou a fornecer a água de reuso por meio de contratos de compra. A Prefeitura Municipal de Campinas é uma das compradoras, que adquire 300 mil litros de por mês para regar os jardins e lavar as feiras livres e vias da cidade. Os interessados desembolsam R$ 1,40 para cada mil litro comprado. O excesso de água processada pela EPAR retorna ao Rio Capivari com alto teor de pureza, assim como era feito antes do início da venda para empresas.
Solução
O setor residencial corresponde à 87% das captações em rios, o comércio à 9% e o setor industrial por 2%. A porcentagem é pequena, mas não se considerarmos o grande volume destinado a poucos clientes. Dessa forma, a água de reuso causa uma redução considerável no consumo de água potável por empresas. “É uma solução importante, mas não é a única. Para o abastecimento público, recomendamos o aumento da reservação de água bruta e tratada, para que os prestadores de serviços de saneamento não dependam totalmente das vazões dos rios”, alerta a gerente técnica do Consórcio PCJ, Andréa Borges.

Segundo Andréa, é imprescindível o combate às perdas hídricas e também, a conscientização quanto ao desperdício de água. Ela propõe outras práticas, como o aproveitamento da água de chuva. “Isso evitaria enchentes e possibilitaria a reservação de água nos períodos de escassez hídrica”, conclui.
Leia mais sobre o tema.
Leia mais sobre a crise hídrica, na página nº11 do Saiba+ de Outubro
Editado por Priscilla Geremias