Por Bruno Machado
O cenário indie pode trazer independência no aspecto criativo, mas gera outras dependências, como a financeira. Entre as vantagens e dificuldades, os músicos explicam se vale ou não a pena trabalhar como banda independente.
Primeiramente, para que não haja dúvidas, a palavra indie deriva de Independent Music, movimento que surgiu por volta dos anos 80 principalmente na Inglaterra, quando as bandas de rock não conseguiam espaço no cenário musical e as gravadoras não abriam as portas para seu som. Com isso, os artistas eram obrigados a produzir suas músicas de forma totalmente independente. O movimento tomou força e desenvolveu duas ideologias centrais: ter controle total sobre o material produzido e liberdade para a criação. Nas grandes gravadoras, geralmente não há muita liberdade para produzir o que se pretende, pois a música precisa ser voltada para o mercado. Produz-se aquilo que vende mais. Então, geralmente há sempre um dedo da gravadora no estilo e/ou no conteúdo daquilo que se produz.
O tecladista Thiago Val, da banda Laranja Oliva, explica a questão da liberdade de produção, fazendo uma crítica às multinacionais da música: “Em gravadoras, o cara pega sua música, paga um preço e a põe na abertura da novela. Não importa se é uma poesia bonita, tem uma linda harmonia ou se tem 3 minutos de tchês, tchás e rimas do tipo ‘balada’ com ‘galáxia’. Nós tocamos pra quem quer ouvir, não estamos enfiando goela abaixo nas pessoas. Fazemos o que gostamos e só o que gostamos, aplaude quem realmente curte”.

Teco Martins, vocalista da banda Rancore, também comenta quando passou a trabalhar com uma gravadora. A banda possui três discos gravados, o último deles com a Deckdisc, que é tida como a primeira 100% independente do Brasil. Trata-se de uma gravadora com selo menor que multinacionais como Sony, Warner, Universal e EMI, exatamente por dar mais liberdade para que as bandas criem, sem se preocupar tanto com o mercado. “No nosso caso houve liberdade total, a deck é uma gravadora que nos deixou muito livres pra fazermos o que queríamos na época, se algo mudou foi por nossa opção, se não fosse assim não aceitaríamos”, conta Teco.

Apesar dos obstáculos, os músicos mostram preferência pelo cenário independente, pois os permite tocar o que gostam e produzir o que querem e como querem. É um meio em que o mais importante é o prazer de tocar e não o enriquecimento pela música.
Ouça, abaixo, o áudio gravado com membros das bandas Laranja Oliva e Mestre Muamba:
Editado por Lucas Bachião