
Por Natália Mitie
Dados divulgados pelo Banco Central (BC) revelam que os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 2,34 bilhões em abril deste ano, o que representa um novo recorde para todos os meses desde o início da série, em 1947. Esse aumento acontece em um momento de queda do dólar em relação ao patamar vigente no fim de 2013 e no início deste ano. A moeda americana estava cotada ao redor de R$ 2,34 no fim do ano passado. Em janeiro e fevereiro deste ano, oscilou por volta de R$ 2,40. Já em abril, o dólar registrou desvalorização de 1,74% frente ao fechamento de março, terminando o período em R$ 2,23.
Grande parte desses gastos é resultado de compras realizadas por brasileiros, que em viagens ao exterior encontram valores reduzidos em comparação aos produtos vendidos aqui no Brasil. Willian, geógrafo, é um desses brasileiros. Em viagem à Foz do Iguaçu, para um congresso em 2012, ele descobriu o outro lado do Paraguai. Desde então, viaja de 4 ou 5 vezes por ano, para comprar produtos com preços reduzidos e vender aqui no Brasil. O geógrafo conta que inicialmente, resolveu experimentar, fazer as compras sem compromisso, começou com itens para mulheres, como maquiagens e perfumes.“Vi que era rentável, que era possível trazer produtos e obter lucro”, explica. Willian conta que a cada viagem, consegue obter um lucro de 3 mil reais, equivalente a um salário recebido por mês. “Se faço 4 viagens por ano, consigo tirar 4 meses de salários a mais”, ilustra.
O geógrafo presa pela qualidade dos produtos, sem visar a quantidade, por isso, realiza pesquisas em blogs para escolher produtos que sejam bons para ele e para o consumidor. “Para quem está comprando é vantajoso pelo preço reduzido e pela variedade de produtos que só são encontrados lá fora”, explica. Para Andreia Duarte, cliente fixa de Willian, o preço reduzido e os produtos novos não interessam muito, o que atrai mesmo é a comodidade. “Se fosse fazer compras pela internet ou pedir para alguém trazer do exterior, não compraria”, confessa.
Pensando nisso, em comodidade e facilidade na hora das compras, a programadora Marcela Kashiwagi, 25, e a empreendedora Ana Paula Lessa, 22, criaram o “Cabe na Mala”, um site que reúne viajantes e compradores. Lançado há um ano, a ideia do Cabe na Mala é ser uma ponte entre quem procura um produto de fora do Brasil e alguém que está viajando e pode incluí-lo na bagagem. O funcionamento é simples: o interessado busca o produto desejado e, através do comparador é possível verificar o preço no Brasil e no exterior. Ao buscar um produto, além da comparação de preços, aparecem também as viagens disponíveis, de 10, 20 ou 30 dias. O comprador paga pelo prazo de entrega (recompensa do viajante), pelo tamanho e pelo valor do produto.
No cadastro dos viajantes é preciso apenas cadastrar a viagem e informar os tipos de produtos que gostaria de trazer. Depois de aprovada, a viagem já estará disponível para os pedidos no site.
Com apenas um ano de existência, hoje, a equipe do “Cabe na Mala” conta com uma advogada, um bizdev (business development), um custdev (customer development) e mais de 50 mil curtidas na página do facebook.

Editado por Marcela Casagrande