Por Claudia Müller
As histórias na revista Realidade, a carreira política e a presidência do Sindicato dos Jornalistas foram assuntos debatidos por Audálio Dantas, na 8ª edição da Jornada de Jornalismo da PUC-Campinas. O evento ocorreu na noite de ontem e contou com a presença de estudantes e professores do curso, que também questionaram Dantas sobre seu premiado livro, “As Duas Guerras de Vlado Herzog”.
Com o tema 50 anos do golpe militar: memória, jornalismo e resistência, a jornada promoveu a interação dos alunos com as histórias de Audálio Dantas, que contou das lutas políticas contra a censura e contra prisões ilegais que viveu durante os anos de chumbo. A liberdade de expressão e o valor da democracia também foram abordados por ele. “Quando se dá um mínimo de liberdade de expressão, nenhuma ditadura prevalece”, comentou.
Os alunos estavam interessados para que Dantas contasse sobre o processo de produção do livro “As Duas Guerras de Vlado Herzog”, vencedor do prêmio Jabuti na categoria Reportagem, no ano passado, e considerado o melhor livro do ano de não-ficção. “Eu levei 30 anos para contar essa história, já que o Vlado morreu em 75, porque eu não sabia se conseguiria ser fiel à verdade dos fatos no calor do momento”, declarou.
A pesquisa necessária para escrever essa história demonstrou como o país ainda está fechado em relação aos acontecimentos da ditadura. Dantas contou aos estudantes sobre as dificuldades para se obter documentos no Arquivo Nacional, já que era pedido o atestado de óbito de Vlado, um documento considerado falso pelo motivo alegado da morte. Além disso, a Lei da Anistia favoreceu os torturados e os torturadores, o que ofusca as identidades dos vilões e dificulta a transparência das informações. O escritor, entretanto, revelou que o pagamento é pessoal, é contar essa história, já que a morte de Herzog se mostrou a época mais dificil de sua vida.
Alunos
“Eu gostei da palestra, acho que deu pra esclarecer algumas dúvidas que tive quando li o livro, principalmente na parte de produção da obra. O tema também foi bastante pertinente”, comentou a estudante de jornalismo Isabelle Grangeiro.
A também estudante Gabriela Meneguim ressaltou a importância de ouvir histórias de um período de quem realmente o viveu. “Achei a palestra do Audálio Dantas enriquecedora. Foi uma experiência maravilhosa poder ouvir uma pessoa que traz em sua bagagem tanto conhecimento e experiência. Principalmente se levarmos em conta que ele é um dos que vivenciaram um período tão cruel como a ditadura militar”, afirmou.
Para conferir como foi a primeira palestra do evento, clique aqui

Editado por Bruno Machado