Por Natália Mitie
Uma pesquisa da série de estudos “Digital Diaries” realizada desde 2010 pela AVG Technologies, revela que 66% das crianças (entre 3 e 5 anos) são capazes de operar jogos de computador e 47% utilizam um smartphone. No entanto, apenas 14% são capazes de amarrar os próprios tênis e 29% sabem nadar. Já na faixa etária entre 6 e 9 anos, os números aumentam, cerca de 89% das crianças usam a internet, no Brasil esse índice chega a 97%, considerado o mais alto entre os países pesquisados.
Esse constante uso dos meios eletrônicos preocupa alguns especialistas em saúde. “Quando você usa o computador, você terceiriza sua atividade mental”, afirma o Dr. Manfred Spitzer, neurocientista e psiquiatra, autor do livro “Digital Dementia: What we and our children are doing to our minds” (Demência Digital: o que nós e nossas crianças estamos fazendo a nossas mentes).
De acordo com o neurocientista, o uso excessivo pode causar problemas com a memória e o pensamento, a chamada “demência digital”, termo esse criado há poucos anos na Coreia do Sul, um dos países que mais utilizam os meios digitais. Spitzer afirma que a frágil memória se deve ao fácil acesso em pesquisa no Google. A realização de multitarefas e a ação de clicar quando se usa um tablet ou computador, contribuem para a baixa atenção, que prejudica no aprendizado.
Para o diretor-médico de pediatria do Scott & White Hospital Round Rock, quando a pessoa permite “constantemente que o computador pense por ela ou passe horas navegando na internet, ela não utiliza o cérebro e, consequentemente, as vias neurais não são estimuladas”.
Já a pesquisa realizada pelo Fundo Nacional de Alfabetização da Inglaterra, aponta que crianças que usam tablets e smartphones para leitura de livros e histórias adquirem melhor desempenho em relação àquelas que utilizam apenas o meio impresso. Em contraste com o Dr. Spitzer, o diretor do Fundo, Jonathan Douglas destaca o importante papel que a tecnologia carrega na comunicação e linguagem das crianças e defende o uso dos meios digitais para a educação dos jovens.
É importante lembrar que “quando você exagera qualquer coisa, há resultados negativos”, disse Dr. Stephen Pont, pediatra do Dell Children’s Medical Center.
Editado por Thiago Marquezin