Por Stéphanie Segal

Dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) apontam que cerca de 9% da população brasileira é atingida pela alergia alimentar. Essa parcela da sociedade precisa driblar um problema indigesto toda vez que vai se alimentar. Desses pacientes, de 50 a 70% possuem histórico familiar de aversão. Se o pai e a mãe apresentam alergia, a probabilidade de terem filhos alérgicos é de 75%.
A rejeição do corpo humano a certos alimentos essenciais no cardápio diário, como leite, ovo, soja, trigo, peixe e crustáceos, podem provocar de simples coceiras ao comprometimento de órgãos do corpo humano. ”A alergia alimentar é uma resposta anormal do sistema imunológico. O que acontece é que o organismo cria um anticorpo contra uma determinada proteína e quanto mais frequente essa proteína está na dieta, pior vai ficando o quadro do paciente”, explicou a endocrinologista Paula Castelhano.
Além da aversão alimentar também existe o quadro de intolerância. O primeiro caso envolve o sistema imunológico, enquanto o segundo é a falta de uma enzima necessária para digerir determinados alimentos.
Ainda não há medicamentos específicos para prevenir a alergia alimentar. Paula ressalta que “alguns tratamentos ajudam a diminuir os efeitos da reação alérgica e amenizam os sintomas da crise, mas a solução é evitar os alimentos que causam uma resposta exagerada do organismo a determinadas substâncias”.
Antes de abolir esses alimentos do cardápio, é preciso diagnosticar o quadro, o que leva tempo e dedicação. Para a economista Deborah Andrea, que possui intolerância à lactose, o Brasil ainda precisa cuidar melhor do assunto. Ela já viajou para outros países, como Espanha e Estados Unidos, onde descrever os ingredientes dos alimentos é comum, e se sentiu mais segura na hora de comer. ”Eu me preparo antes de viajar. Já fiz até uma carteirinha explicando que tenho intolerância à lactose, mas nos Estados Unidos e na Espanha, por exemplo, foi uma surpresa. Todos os restaurantes possuíam cardápio indicando os ingredientes e os garçons compreendiam bem a gravidade da minha alergia”.
O Brasil tem algumas leis que defendem os alérgicos A de número 10.674 de 2003, determina que todos os produtos industrializados devem dizer no rótulo e bula se o produto contém glúten. Quem tem doença celíaca não possui a enzima transglutaminase, que quebra o glúten, e, ao ser ingerida, a proteína ataca as paredes do intestino delgado, dificultando a absorção de nutrientes e provocando reações como diarreia, vômito, perda de peso, anemia e osteoporose.
Editado por Glaucia Sato e Pedro Lopes