Por Stéphanie Segal
A Feira Literária Internacional Cristã – a FLIC – principal evento do mercado editorial religioso no país, ocorre de 5 a 8 de junho, no Anhembi, em São Paulo. Neste ano, o evento cresceu e agora haverá a participação de 41 editoras em um espaço 30% maior.
Porém não foi só o evento que aumentou. É inevitável não notar o quanto a abrangência do mundo gospel cresceu nos últimos anos. Este estilo que encontrou seu caminho na mistura da arte e da fé move multidões pelo Brasil, conquistando adultos, crianças, adolescentes e idosos, sendo muitas vezes considerado motivo de transformação na vida das pessoas.
De acordo com a última pesquisa da Associação Nacional de Livrarias (ANL), o gênero foi responsável por produzir 10,3% dos livros lançados no mercado em 2011, ficando atrás apenas dos livros didáticos. De 2010 para 2011, o crescimento do faturamento desta área foi de 23,34% e o número de exemplares vendidos aumentou 17,3%.

A pesquisadora em mercado editorial, Marina Camargo afirma que essa área cresce devido ao público evangélico que procura pelos livros religiosos. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), no Brasil existem atualmente 40 milhões de evangélicos, o que representa 22,2% da população, e a expectativa é que até 2020 chegue a 50% com um número próximo a 110 milhões de pessoas. Assim as editoras aproveitam para lançar inúmeros livros que atendem ao público.
A maioria dessa parcela compõe as classes C e D, que são as que estão alcançando maior crescimento na área econômica no momento. ‘’As constantes dificuldades financeiras enfrentadas no país são, indiscutivelmente, responsáveis pelo fato de as pessoas carentes buscarem mais a Deus, estimulando também a abertura de inúmeras igrejas evangélicas’’, afirma Marina Camargo. E devido a esse grande crescimento, o cristianismo protestante brasileiro é encarado por muitos empresários como um forte mercado consumidor, traduzindo: uma rica fonte de lucros. ‘’Tanto os empreendedores da indústria e do comércio cristãos como também os não cristãos, têm investido pesadamente, sabendo que o retorno é garantido’’, completa.
Para o pastor da igreja Universal do Reino de Deus, Paulo Messias Gonçalves, o mercado editorial religioso influencia muito na vida dos cristãos, já que a leitura ajuda a melhorar a vida pessoal e principalmente a vida espiritual. Assim, os livros religiosos servem como dicas para os fieis que necessitam de ajuda. E tudo isso gera o consumo necessário para as editoras gospel.

Para atender esse mercado em expansão o segmento passa por transformações, incluindo a entrada de novas editoras, parcerias com grupos internacionais e a investida de empresas seculares. Segundo Shirley Silva, diretora de produção da Editora Raboni de Campinas, que já vendeu mais de 15 milhões de exemplares em todo o mundo, o mercado evangélico poderia ser ainda maior. “Atualmente, os títulos evangélicos são vendidos apenas nas livrarias específicas, igrejas, internet, bancas e em palestras. Se fossem vendidos nas livrarias tradicionais, o número de vendas provavelmente dobraria”, expõe Shirley.
A Câmara Brasileira do Livro/Fipe calcula que em 2010, os livros religiosos foram responsáveis por 14,7% do faturamento total do mercado. Segundo dados da Associação de Editores Cristãos (ASEC), somente em livros foram vendidos R$ 479 milhões no ano passado. A expectativa é que neste ano, chegue-se a R$ 548 milhões. Os dados mais recentes apontam que existe um crescimento nesse mercado em torno de 7% ao ano.
Os livros religiosos mais vendidos não são apenas aqueles destinados aos estudos da religião, mas sobretudo, aqueles que visam aprofundar e alimentar a fé, a busca do sagrado nas pessoas, os que levam conforto, alento espiritual, esperança e paz. Que ajudam as pessoas no seu encontro pessoal com Deus.
Confira depoimento de Laércio Branco, dono de uma banca de livros religiosos no centro de campinas: