Mudanças no clima podem matar 100 milhões de pessoas

Por Caroline Dias

Os problemas ambientais são assuntos recorrentes nos noticiários e na vida da população. A falta de conscientização de alguns é o que mais preocupa outros. Uma pesquisa realizada pela organização humanitária Dara, que trabalha em defesa das populações vítimas de tragédias e catástrofes, aponta que até 2030 mais de 100 milhões de pessoas vão morrer se o mundo continuar com o descaso com relação às mudanças climáticas.

A pesquisa calculou o impacto humano e econômico causado pelas mudanças no clima em 184 países entre 2010 e 2030. O resultado é que mais de 90% dessas mortes ocorrerão nos países em desenvolvimento. A cada ano, 5 milhões de pessoas morrem devido à poluição do ar, fome e doenças que resultam dessas mudanças no clima e como consequência, na economia. Se os atuais padrões de uso de combustíveis fósseis continuarem, é provável que esse número suba para 6 milhões por ano até 2030.

Para o professor de biologia Gustavo Camacho, apesar de parecer catastrófica a pesquisa apresenta um número real de possíveis mortes. “Claro que os efeitos das mudanças climáticas não aparecem de um dia para o outro, elas são gradativas, mas os principais institutos de pesquisa confirmam esse número e esse estudo serve de alerta para a população”, diz.

Os efeitos das mudanças no clima no planeta já reduziram a produção global em 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, ou US$ 1,2 trilhão por ano. Esse número pode subir para 3,2%, até 2030, se as temperaturas globais continuarem aumentando. Segundo estimativas, o custo de mudar o mundo para uma economia de baixo uso de carbono é estimado em cerca de 0,5% do PIB nesta década.

Conforme as temperaturas médias globais sobem devido aos vários problemas ambientais, como gases do efeito estufa, desgelo, aumento do nível do mar, climas extremos e inconstantes, o risco de morte da população aumenta, principalmente das nações costeiras, por estarem mais próximas do litoral. As populações mais pobres também são as mais prejudicadas, pois enfrentam um risco maior de seca, quebra de safra, pobreza excessiva e doenças.

A agricultura e a pesca também devem sofrer danos de US$ 500 bilhões por ano, um total de 4 milhões de toneladas de alimentos. “A maioria das plantações e peixes não sobrevivem a uma maior temperatura, eles não conseguem se adaptar. No caso dos frutos marinhos é bem pior, pois uma variação pequena já afeta toda a sobrevivência. Isso tudo prejudica os países e as pessoas que dependem desses setores para viver financeiramente”, completa Gustavo.

Em 2010, cerca de 200 nações concordaram em limitar o aumento da temperatura média global a menos de 2 graus Celsius para evitar os impactos perigosos das mudanças climáticas. Mas a chance dessa limitação fica cada vez menor à medida que as nações utilizam combustíveis fósseis e há queima excessiva de carbono, o que aumenta as emissões de gases de efeito estufa. Além disso, os gastos com essa preservação são muito altos, o que pode afetar a economia dos países mais ricos. “O ideal é que as pessoas não esperem o governo tomar alguma atitude. É bom começar utilizando combustíveis de biodiesel e economizando na produção de lixo e poluentes. O segredo está na cooperação de modo geral, pois o benefício também será coletivo”, ressalta Gustavo.

Ouça a entrevista com o biólogo Gustavo Camacho

Editado por Juliana Duarte

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