Por Evandro Rosa
O Ministério da Saúde anunciou no dia 22 de outubro um teste inovador para diagnosticar tuberculose. O GeneXpert está sendo testado em Manaus e no Rio de Janeiro, e detecta a doença em até duas horas, além de também identificar se a pessoa é resistente ou não ao antibiótico usado no tratamento (rifanpicina), o que facilita na prescrição correta e mais ágil do tratamento.
No método de diagnóstico usado hoje, chamado de baciloscopia do escarro, o resultado do exame demora 20 dias e são necessários mais 60 para ser feito o cultivo da bactéria e mais 42 dias para se obter o diagnóstico de especificidade e sensibilidade à rifampicina. Esse método tem precisão de 60% a 70%. O novo teste, além da rapidez, eleva o nível de precisão de sensibilidade para 92,5 % e o de especificidade pode chegar a 99%.
Segundo a enfermeira especialista em vigilância sanitária Raquel Mandu, a rápida detecção da doença é fundamental para que o tratamento seja iniciado o o quanto antes possível, trazendo menos prejuízo ao infectado. “Quanto mais rápido se souber da doença mais rápida também é a cura; isso diminui a chance do paciente ficar com alguma sequela e de transmitir a doença”, explica.

A estudante Jéssica Sabotto, que teve a doença detectada depois de três meses da infecção, ficou com sequelas no pulmão e mesmo com a doença curada, ainda sente reflexos da tuberculose. “Quando finalizei o tratamento, o médico disse que meu pulmão nunca mais seria o mesmo, pois parte do pulmão direito teve uma sequela e até hoje sofro com doenças respiratórias quando muda o tempo”, diz.
O GeneXpert é uma máquina que identifica fragmentos do DNA da bactéria no escarro. O risco de contaminação pelo profissional de saúde é mínimo, pois as análises do material coletado são feitas de forma totalmente automatizada, sem a necessidade de contato manual do profissional.
Começar o tratamento com rapidez também é importante, pois diminui as chances da doença se disseminar e se transformar em epidemia, como lembra a enfermeira. “Quanto antes o paciente começar a se medicar menores os riscos de contaminação dos comunicantes (pessoas que convivem com o paciente) e menores as chances de que a doença se espalhe, pois após uma semana do início do tratamento a pessoa passa a não transmiti-la mais”, esclarece.
Segundo a estudante, o tratamento é difícil pelas reações que o medicamento causa, como ânsia de vômito, e pela quantidade de comprimidos que o paciente tem que tomar. “Tomava sete medicamentos por dia: três em jejum, de manhã, e quatro após o almoço durante seis meses. Aí parei com os medicamentos, mas tive recaída e voltei a tomar, em quantidade reduzida, por mais 3 meses”, conta.
A implementação e os estudos sobre aceitabilidade e custo-efetividade do uso do teste rápido estão sendo financiados pela Fundação Bill & Melinda Gates, com investimento de 1,8 milhão de dólares.
Segundo o Ministério da Saúde, no ano de 2011 o Brasil registrou 69.245 casos de tuberculose, com redução de 3,54% em relação ao ano anterior (71.790 casos) e é a quarta causa de morte por doenças infecciosas no país.
Editado por Juliana Duarte