Por Giuliana A. Wolf
Um grupo de pesquisadores formado pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Instituto de Tecnologia dos Alimentos (ITAL), Coordenadoria de Assistência Técnica Integrada (CATI) e Agenzia Servizi Settore Agroalimentare Marche (ASSAM), da Itália, está promovendo a apresentação de trabalhos científicos e palestras relacionadas ao processo que dá origem ao azeite de oliva. O objetivo é aumentar a qualidade do azeite produzido no Brasil, tal como o número de consumidores que saibam avaliá-lo de forma correta.
Hoje, no Brasil, apenas 1% do azeite vendido como extravirgem realmente o é. Os outros 99%, apesar de levarem o nome, não preenchem todos os requisitos necessários da classificação, pois têm algum defeito sensorial ou gustativo. Segundo a pesquisadora da APTA, Edna Bertoncini, os azeites extravirgens devem apresentar aroma de azeitonas, que podem ser maduras, lembrando o odor de noz, banana e fruta madura, ou, então, ser um azeite com aroma que lembra grama recém-cortada, tomate verde e alcachofra. O sabor deve ser amargo e picante, sendo que, quanto mais amargo, conterá mais polifenóis. Este último, é o elemento que diferencia o azeite extravirgem dos outros tipos de azeite: os extravirgens tem 300mg por quilograma, enquanto os outros tipos tem apenas 100mg por quilo.
O problema é que, pelo rótulo, os azeites apresentam todas as características exigidas, o que faz com que o consumidor, ao comprar, ache que terá os benefícios de um azeite extravirgem. No entanto, por não ter conhecimento do gosto ou aspecto que o produto deve ter, não identifica as falhas, e sem saber, consome um azeite com odores de ranço, vinagre, mofo, terra, entre outros. Segundo Bertoncini, nesse caso, a escolha por óleos vegetais como girassol e milho é mais aconselhável.
O Brasil é o terceiro país do mundo que mais importa azeite, e esse número cresce em média 13% ao ano. Não existe, no entanto, algum órgão que exija a análise sensorial dos azeites importados e certifique sua qualidade. Em outros países há o Panel Test, um grupo formado por oito a 12 especialistas capacitados para avaliar as características dos azeites, e, embora no Brasil já existam profissionais formados em análise sensorial de azeite, não há um grupo oficial.
Também para incentivar e garantir maior qualidade da produção nacional de azeite extravirgem, existe o projeto “Oliva SP“, criado pelo grupo citado anteriormente. A intenção é realizar mais pesquisas em relação ao setor, auxiliar e conscientizar produtores e consumidores, para que, mesmo quando consumindo o produto importado, saibam avaliar o sabor e aspecto, e até mesmo, denunciarem quando sentirem-se prejudicados.
Editado por Jéssica Kruck.
Os brasileiros têm que saber, primeiro, os benefícios que o azeite trás à saúde para depois melhorar a qualidade dos extra-virgens e começar a utilizar mais o produto na cozinha! Uma colher de azeite por dia pode prevenir até as pessoas de terem AVC!
Sim, é importante que todos saibam dos benefícios, até por isso, existe o grupo. No entanto, Mariana, de acordo com os pesquisadores, apenas o tipo extra-virgem é que oferece benefícios à saúde, por isso a necessidade de melhorar a qualidade dele, especificamente.