Colecionadores resgatam histórias e preservam memórias culturais
Por Marcos Araújo
A música, considerada a quarta arte do mundo, e o futebol – um dos esportes mais populares do planeta – estão na vida de José Carlos Garcia, 54, e de André Oliveira, 23. O primeiro tem uma incrível coleção de mais de 5 mil LP’s. Desde os sambas de Noel Rosa e Adoniran Barbosa, passando pelo surgimento do rock com Chuck Berry, pela evolução do estilo musical com Elvis Presley, pela contracultura dos Beatles e Pink Floyd, a solidão de Janis Joplin e o punk dos Ramones. Também presentes nessa mistura, os LP’s de Roberto Carlos da Jovem Guarda e a discografia de Chico Buarque dão o tom maior ao espaço dedicado aos vinis.
Foi justamente na época da Jovem Guarda em que Garcia, como prefere ser chamado, começou a comprar LP’s. Os primeiros discos de Robertos Carlos mais a explosão dos Beatles foram os estimulantes para o início da coleção. “Naquela época, o que o Roberto Carlos fazia era um tapa na cara da sociedade. As músicas mais agitadas, a quebra do padrão elitista e até clássico da Bossa Nova, tudo isso me influenciou muito”, diz.

A onda do Iê-Iê-Iê de “She loves you” dos quatro garotos de Liverpool foi outro momento que Garcia descreve. “Eles quebraram com todo o sistema musical existente. E teve um produtor que disse que nunca dariam certo. Falou isso porque era contra o jeito Beatles. Provaram ser a maior banda da história do rock”, enaltece Garcia, mostrando a coleções de LP’s do quarteto, e também de trabalhos solos de John Lennon, Paul McCartney, Ringo Star e George Harrison.
Garcia está no processo de digitalização dos bolachões. Já transferiu 35 mil músicas para arquivos em MP3, mas nem cogita a ideia de se desfazer dos vinis. “Passar para o MP3 é um processo natural que a tecnologia me obriga a fazer. Por um lado é bom porque posso levar algumas músicas comigo por onde quiser, por outro perde muito da mágica do LP. A qualidade do áudio é outra. Só nele consigo, por exemplo, ouvir perfeitamente os graves mais altos de Janis Joplin”, explica.
Já André Oliveira, 23 anos, tem como hábito colecionar camisas de futebol. A primeira da série de 60 uniformes foi da Agremiação Sportiva Arapiraquense, ou o Asa de Arapiraca, de Alagoas. Ele adquiriu o “manto” preto e branco quando a equipe eliminou o Palmeiras na Copa do Brasil de 2002 em pleno Estádio Palestra Itália, em São Paulo. A partir daí, André passou a “garimpar” camisas de times desconhecidos, clubes amadores. Outra paixão do colecionador é registrar a fundação de times de futebol e distintivos. Catalogados, ele tem mais 20 mil datas e escudos.
Dentre a pesquisa dos times de futebol, o nome mais curioso é o da Associação Atlética das Vovózinhas, de Recife, capital pernambucana. Fundado em 1º de janeiro de 1950, disputou campeonatos amadores até 1965. No ano seguinte, profissionalizou-se chamando-se Associação Atlética Santo Amaro. Depois o nome passou a ser Manchete Futebol Clube do Recife. Hoje, disputa a segunda divisão do campeonato estadual.
Abaixo, linha do tempo com as camisas mais excêntricas adquiridas por André entre 2004 e 2012.
André Oliveira mantém um blog no qual disponibiliza algumas informações sobre seu acervo . Apesar de estar desatualizado há dois meses, ele promete voltar a escrever curiosidades sobre as peças colecionadas na página.

Editado por : Thaís Jorge