Indicado de Lula ganha prévias, mas segundo articulista político enfrentará desafios na disputa

O professor de economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) Marcio Pochmann venceu na noite de sábado (14) as prévias para disputar a Prefeitura de Campinas nas eleições de outubro. Pochmann disputará pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e concorreu na eleição interna do partido contra Sebastião Arcanjo, mais conhecido como Tiãozinho, ex-vereador da cidade de quem ganhou com 560 votos de vantagem. O economista foi indicado pelo ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, para o articulista e professor de ética e economia da Unicamp Roberto Romano, esse interesse pode trazer complicações para a campanha já complicada pelo atual cenário de instabilidade política.

“O PT nacional, com a presença cada vez mais atuante do ex-presidente Luís Inácio, evidentemente vai prestar atenção particular em Campinas que é um dos pólos estratégicos na luta pelo poder nacional nos dias de hoje”, explica Romano. Segundo o professor, a campanha de Lula é imprescindível para a candidatura de um petista, “É uma virtude e um defeito grave do Partido dos Trabalhadores, essa dependência que ele tem em relação ao ex-presidente.” Um exemplo negativo dessa dependência, como lembra o articulista, foi a interrupção das campanhas quando Lula adoeceu, “Até onde e até quando um partido nacional dependerá de uma liderança assim tão hegemônica?’

Saiba mais: Romano explica como público associa imagem de partido com imagem de candidato. 

Pochmann é o quarto pré-candidato confirmado em Campinas, junto de Jonas Donizette (PSB), Dário Saad (PMDB) e Feliciano Filho (PV). Com a série de escândalos recentes (veja abaixo), os partidos vivem o que Romano chama de um período de inadimplência ética e, de acordo com ele “o PT infelizmente está em condições de igualdade com os outros partidos”. O maior desafio para o prefeito eleito, ressalta o professor, será lidar com as cosequências da corrupção municipal. “Sobretudo, do caos administrativo que se instalou em Campinas, da falta de confiança da população nas autoridades constituídas e, sobretudo, essa limpeza ética que deve ser feita”.

Ouça Romano falar mais sobre desafios que candidatos à prefeito enfrentarão na cidade.

O prazo de candidatura dos partidos se extende até 5 de julho, um dia antes das campanhas eleitorais começarem. A eleição será realizada no dia 7 de outubro deste ano.

Crise política
No último dia 10, os vereadores elegeram o atual prefeito Pedro Serafim Júnior (PDT) para permanecer na administração da cidade em um mandato-tampão. Serafim foi o terceiro político a assumir a administração municipal desde que o prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT) teve o mandato cassado em agosto de 2011. O sucessor do Dr. Hélio, o vice Demétrio Vilagra (PT), sofreu impeachment em dezembro. Ambos são suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção nos contratos públicos da Sanasa. As investigações da Comissão Processante de Inquérito (CPI) da Câmara dos Vereadores revelou uma série de outras irregularidades em licitações e orçamentos municipais, envolvendo membros de diversas áreas do escalão político.

Após o impeachment de Vilagra, Serafim Jr. assumiu a prefeitura; ele ficou 10 dias no cargo quando uma decisão judicial recolocou Vilagra no poder. Em dezembro, o impeachment do petista doi aprovado e Serafim Jr. reassumiu a pasta que mantém agora, após as eleições do mandato-tampão, criado para evitar mais instabilidade na administração.

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