Era um típico começo de noite em São Bernardo do Campo, com seu céu acinzentado e úmido. Mas aquele dia era diferente, as nuvens prestes a precipitar não poderiam esconder a alegria do ex – caminhoneiro Gilberto da Rocha, que animado chegava no apartamento de sua irmã após receber a notícia que tinha passado no concurso público para Juiz. O ex-caminhoneiro, profissão que exerceu para sustentar a família, antes de passar no concurso do Fórum de Garça entrou num restrito grupo de brasileiros, o de servidores públicos. “Na época de caminhoneiro pensava apenas que aquela atividade era momentânea e transitória, e a exercia para ajudar a família. Sabia que nada daquilo era definitivo. Tinha vontade de voltar a estudar porque sempre tive um bom desempenho escolar”, relembra Rocha.
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), com a exceção dos militares, 6% dos 190 milhões de brasileiros são funcionários públicos. No total são 11 443 961 servidores nas esferas municipal, estadual e federal. Para muitos funcionários públicos, o que mais atrai é a estabilidade financeira. “O que me motivou foi a segurança e a relativa estabilidade que a carreira pública oferece. Porque mesmo sendo um bom profissional, o mercado é muito instável e as empresas sempre estão passando por reestruturações e fusões”, conta Nadir Rodrigues assessora de imprensa da Embrapa Informática e Agropecuária.
Este também é o caso do servidor público da Sabesp, Eduardo Vicente, que continua se preparando para outros concursos públicos. “Primeiramente a questão da estabilidade de emprego. Em tempos de crise econômica, como a que enfrentamos em 2009, os servidores com estabilidade podem ficar um pouco mais tranquilos com relação ao desemprego”, conta Vicente
Outro campeão de concursos públicos é Orestes Ribeiro, bancário aposentado pelo Banco do Brasil relembra que em sua época de juventude, seu grupo de amigos do cursinho preparatório estava na “ponta dos cascos”: “Todo concurso era um desafio, agente já ia acreditando que íamos passar, tamanha era nossa confiança. Nós chegávamos até ir ver se passamos em concursos que nem sequer prestamos”, conta Ribeiro que passou nos concursos da Caixa Econômica Federal, o já privatizado Banespa, e no Banco no Brasil.
E a concorrência vem crescendo, para se ter uma idéia Gilberto Rocha relembra que quando passou no concurso no fim da década de 90 a concorrência foi de 5000 candidatos para 86 vagas, agora em 2011 o número saltou para 16 mil candidatos para 242 vagas de juízes substitutos. Por isso Edvaldo Francisco, professor de cursinho há 20 anos recomenda estes cursos preparatórios como facilitadores, mas sempre aliado à transpiração e ao estudo em casa. O professor ainda alerta que por mais que os professores sejam capacitados, ou por melhor que seja a estrutura da escola é sempre o aluno que faz a diferença.
Sobre sua preparação o jurista Gilberto da Rocha conta que depois de terminar o curso de Direito, dividia sua rotina entre o trabalho no fórum e os estudos, chegava a durmir apenas 4 horas por dia e restringia sua vida social para estudar. “Por conta do trabalho o tempo era escasso, mas mesmo assim estudava cerca de dez horas por dia e dormia muito pouco, algo em torno de quatro horas. Também aproveitava para estudar aos sábados, domingos e feriados, durante todo o dia.. Foram dois anos e meio de preparação até a aprovação na magistratura”, diz o magistrado
Nesta Pasagarda do sucesso, paraíso ao qual se refere o poeta português Fernando Pessoa, o jurista diz feliz e realizado e que faria tudo de novo se fosse necessário. E Gilberto ainda aconselha que : É necessário determinação, vontade, esforço, empenho, seriedade e entrega total. Não se deve desistir nunca de seus sonhos e aspirações, por mais difíceis que possa parecer. Nada é impossível”.
No vídeo abaixo você pode escutar a entrevista com o professor Edvaldo Francisco, com mais dicas para você se preparar para os concursos.
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